‘Botava esses vagabundos na cadeia, começando no STF’, diz Weintraub

Além da declaração antidemocrática, ministro da Educação também ataca China e minorias no Brasil

22/05/2020 18:24

O ministro da Educação Abraham Weintraub aparece no vídeo da reunião ministerial, de 22 de abril, divulgado nesta sexta-feira, 22, dizendo que por ele prenderia os ministros do Supremo Tribunal Federal. ‘Botava esses vagabundos na cadeia, começando no STF’, afirmou.

‘Botava esses vagabundos na cadeia, começando no STF’, diz Weintraub
‘Botava esses vagabundos na cadeia, começando no STF’, diz Weintraub - Agência Brasil/Marcelo Camargo

O vídeo da reunião faz parte do inquérito que investiga as denúncias realizadas pelo ex-ministro Sérgio Moro ao deixar o governo Jair Bolsonaro, de que o presidente tentava sistematicamente interferir no comando da Polícia Federal para benefício próprio, o que configura crime.

No vídeo, Weintraub diz também que odeia o termo “povos indígenas”, rechaçando as minorias no país e ressaltando que a ‘luta’ do governo Bolsonaro é para acabar com elas. O ministro também afirma que “odeia” o Partido Comunista da China, porque, segundo ele, o PC chinês quer transformar o Brasil “numa colônica”.

Weintraub afirma que Brasília de um “cancro” de corrupção e privilégio no país. Segundo o Ministro, foi sua consonância com o ‘ideal’ de Bolsonaro que o levou a entrar no governo.

STF divulga vídeo apontado como prova das acusações de Moro contra Bolsonaro I Parte 1 e 2

Confira os primeiros trechos do vídeo apontando como prova pelo ex-ministro Sergio Moro de que Bolsonaro tinha a intenção de interferir na autonomia da Polícia Federal 👇🏽💣

Posted by Catraca Livre on Friday, May 22, 2020

Confira o trecho na íntegra:

“Tem três anos que, através do Onyx, eu conheci o presidente. Nesses três anos eu não pedi uma única conselho, não tentei promover minha carreira. Me ferrei, na fisica. Ameaça de morte na universidade. E o que me fez, naquele momento, embarcar junto era a luta pela … pela liberdade. Eu não quero ser escravo nesse país. E acabar com essa porcaria que é Brasília. Isso daqui é um cancro de corrupção, de privilégio. Eu tinha uma visão extremamente negativa de Brasília. Brasília é muito pior do que eu podia imaginar. As pessoas aqui perdem a percepção, a empatia, a relação com o povo. Se sentem inexpugnáveis. Eu tive o privilégio de ver a … a mais da metade aqui desse time chegar. Eu fui secretário-executivo do ministro Onyx. Eu acho que a gente tá perdendo um pouco desse espírito. A gente tá perdendo a luta pela liberdade. É isso que o povo tá gritando. Não tá gritando pra ter mais Estado, pra ter mais projetos, pra ter mais … O povo tá gritando por liberdade, ponto. Eu acho que é isso que a gente tá perdendo, tá perdendo mesmo. A ge … O povo tá querendo ver o que me trouxe até aqui”.

“Eu, por mim, botava esses vagabundos todos na cadeia. Começando no STF. E é isso que me choca. Era só isso presidente, eu … eu … realmente acho que toda essa discussão de “vamos fazer isso”, “vamos fazer aquilo”, ouvi muitos ministros que vi … chegaram, foram embora. Eu percebo que tem muita gente com agenda própria. Eu percebo que tem, assim, tem o jogo que é jogado aqui, mas eu não vim pra jogar o jogo. Eu vim aqui pra lutar. E eu luto e me ferro. Eu tô com um monte de processo aqui no comitê de ética da presidência. Eu sou o único que levou processo aqui. Isso é um absurdo o que tá acontecendo aqui no Brasil. A gente tá conversando com quem a gente tinha que lutar. A gente não tá sendo duro o bastante contra os privilégios, com o tamanho do Estado e é o … eu realmente tô aqui -to aberto, como cês sabem disso, levo tiro … odeia … odeio o partido comunista da China. Ele tá querendo transformar a gente numa colônia. Esse país não é … odeio o termo “povos indígenas”, odeio esse termo. Odeio. O “povo cigano”. Só tem um povo nesse país. Quer, quer. Não quer, sai de ré. É povo brasileiro, só tem um povo. Pode ser preto, pode ser branco, pode ser japonês, pode ser descendente de índio, mas tem que ser brasileiro, pô! Acabar com esse negócio de povos e privilégios. Só pode ter um povo, não pode ter ministro que acha que é melhor do que o povo. Do que o cidadão. Isso é um absurdo, a gente chegou até aqui. O senhor levou uma facada na barriga. Fez mais do que eu, levou uma facada. Mas eu também tô levando bordoada e tô correndo risco. E fico escutando esse monte de gente defendendo privilégio, teta. Tendeu? É isso. Negócio. Empréstimos. A gente veio aqui pra acabar com tudo isso, não pra manter essa estrutura. E esse é o meu sentimento extremamente chateado que eu tô vendo essa oportunidade se perder.”