Brasil alega falta de recursos e desiste da candidatura da COP 25
Em nota, WWF lamentou a decisão do governo: "A participação do Brasil é vital para atingir as metas mundiais"
Na última terça-feira, 27 o Itamaraty comunicou a decisão de retirar a candidatura para sede da COP-25, conferência anual da ONU que discute a implementação do Acordo de Paris.
A decisão contraria a expectativa do Ministério do Meio Ambiente, que esperava a realização do evento país.”O governo brasileiro conduziu análise minuciosa dos requisitos para sediar a COP25. A análise enfocou, em particular, as necessidades financeiras associadas à realização do evento”, ressalta a nota.
Apesar disso, notícia divulgada pela Folha de S. Paulo na última terça-feira, 27, consultou membros do alto escalão do Ministério do Meio Ambiente, que garantiram haver reserva de recursos do Fundo Clima, ao contrário do que sinaliza o Itamaraty.
Considerada estratégica para impulsionar a economia brasileira de baixo carbono, a reserva de orçamento para a COP do Clima beneficiaria, sobretudo, setores da agricultura e de energias renováveis.
A desistência do evento pode sinalizar os rumos do próximo governo que assumirá o país em janeiro. Declaradamente contra o Acordo de Paris e à permanência do Brasil na ONU, Bolsonaro nomeou o diplomata Ernesto Araújo para o cargo de Ministro das Relações Exteriores. Para Araújo, as mudanças climáticas não passam de “dogma marxista”.
Recentemente, o futuro ministro das Relações Exteriores publicou um artigo no jornal Gazeta do Povo em que prometeu acabar com o “alarmismo climático”.
Hoje, o Brasil é considerado referência internacional pelo engajamento no combate ao desmatamento da Amazônia, por depender menos de combustíveis fósseis que outros países e pela produção agropecuária.
Em nota, WWF lamenta desistência do Brasil
“O WWF-Brasil lamenta a notícia de que o Brasil desistiu de sediar a 25ª Conferência de Partes na Convenção de Clima da ONU. O país tem tido destaque nas negociações internacionais de clima, exercendo um importante papel na diplomacia rumo a uma maior redução de gases de efeito estufa.
A participação do Brasil é vital para atingir as metas mundiais, uma vez que nosso país é atualmente o 7º maior emissor de Gases de Efeito Estufa e a Amazônia tem um papel fundamental na regulação do clima mundial.
Neste momento de transição de governo, a decisão diverge do posicionamento anterior anunciado antes das eleições, demonstrando forte influência da equipe de transição. O Embaixador brasileiro no próximo governo, Ernesto Araújo, demonstrou ceticismo às mudanças climáticas e fez duras críticas ao processo internacional de negociação.
De acordo com o diretor-executivo do WWF-Brasil, Mauricio Voivodic, a decisão de não realizar a COP no Brasil passa ao mundo um sinal de que o novo governo não enxerga como prioritária a agenda de combate às mudanças climáticas, o maior desafio que o planeta enfrenta”. Confira a nota na íntegra.