Brasil tem mais de 3 mil espécies de animais e plantas em risco de extinção

Entre os biomas, a Mata Atlântica se destaca com quase duas mil espécies com risco de desaparecer

06/11/2020 15:20

O Brasil tem 3.299 espécies de animais e plantas ameaçadas de desaparecerem do mapa. É o que revela divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Esse número pode bem maior, já que os dados se referem a 2014 e não reflete a destruição provocada pelo desmatamento e pelas queimadas nos últimos dois anos, principalmente na Amazônia e no Pantanal.

Brasil tem mais de 3 mil espécies de animais e plantas em risco de extinção
Brasil tem mais de 3 mil espécies de animais e plantas em risco de extinção - Toninho Tavares/Agência Brasília

O número de espécies de animais e plantas ameaçados representa 19,8% do total de 16.645 avaliadas, segundo o IBGE.

Ao menos dez espécies estão extintas: as aves maçarico-esquimó (Numenius borealis), gritador-do-nordeste (Cichlocolaptes mazarbarnetti), limpa-folha-do-nordeste (Philydor novaesi), peito-vermelho-grande (Sturnella defilippii), arara-azul-pequena (Anodorhynchus glaucus), e caburé-de-pernambuco (Glaucidium mooreorum); o anfíbio perereca-verde-de-fímbria (Phrynomedusa fimbriata); o mamífero rato-de-Noronha (Noronhomys vespuccii); e os peixes marinhos tubarão-dente-de-agulha (Carcharhinus isodon), e tubarão-lagarto (Schroederichthys bivius).

Além dessas, uma espécie está extinta na natureza, ou seja, depende de programas de reprodução em cativeiro: a ave mutum-do-Nordeste (Pauxi mitu), observada na Mata Atlântica.

Atualmente, são reconhecidas no país 49.168 espécies de plantas e 117.096 espécies de animais. Desse total, a pesquisa analisou as 4.617 espécies da flora e as 12.262 espécies da fauna listadas pelo ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) e pelo Centro Nacional de Conservação da Flora do Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

Biomas ameaçados

A Mata Atlântica foi o bioma com mais espécies ameaçadas, tanto em números absolutos (1.989) quanto proporcionalmente (25%). Em seguida vêm o Cerrado, com 1.061 espécies ameaçadas, 19,7% do total de espécies do bioma, e a Caatinga (366 espécies ou 18,2%). O Pampa tem194 espécies ameaçadas, o que equivale a 14,5%.

Onça parda é uma das espécies ameaçadas de sumirem do mapa
Onça parda é uma das espécies ameaçadas de sumirem do mapa - Cenap/ICMBio/Divulgação

Já o Pantanal e a Amazônia têm as maiores proporções de espécies na categoria menos preocupante (88,7% e 84,3%, respectivamente) e também o menor percentual de espécies consideradas ameaçadas (3,8% e 4,7%, respectivamente). Em números absolutos, são 54 espécies ameaçadas no Pantanal e 278 na Amazônia.

A pesquisa analisou a fauna e a flora segundo sua ocorrência nos biomas – Amazônia, Cerrado, Caatinga, Mata Atlântica, Pampa, Pantanal e Mar e ilhas oceânicas – e tipos de ambiente (terrestre, água doce e marinho). Uma mesma espécie pode ocorrer em diferentes biomas e ambientes. Nesse sentido, 47,7% das espécies eram observadas na Mata Atlântica, 35,7% na Amazônia, 32,4% no Cerrado, 12,4% no Mar e ilhas, 12,1% na Caatinga, 8,4% no Pantanal e 8% no Pampa.

Em relação à fauna no ambiente terrestre, a maior proporção de espécies ameaçadas se encontra nas ilhas oceânicas, com 30 espécies, ou 38,5% do total de espécies terrestres no Mar e ilhas. A Mata Atlântica tem um número absoluto maior de animais terrestres ameaçados (426), mas uma proporção menor (12,8% do total de espécies terrestres na Mata Atlântica).