Brasileira trans ganha vaga em time feminino de vôlei na Itália
A jogadora de vôlei Tiffany Abreu conquistou um fato histórico: tornou-se a primeira transexual brasileira a conseguir autorização da Federação Internacional de Vôlei para jogar num time feminino.
No último domingo (19), ela estreou no Golem Volley, um time italiano da cidade de Palmi que disputa a segunda divisão do campeonato nacional.
Na quadra, Tiffany foi aplaudida pelo ginásio inteiro. No entanto, nas redes sociais, ela diz que ainda não é bem vista por todos. “As pessoas falam muito. Chegaram até a dizer que eu quebrei o dedo de uma menina no treino, sendo que eu nem estava no treino quando isso aconteceu. São boatos. Ficam perguntando se eu posso jogar, se eu tenho mais força ou vantagem. Eu não tenho vantagem nenhuma. Eu simplesmente sou uma jogadora boa. Eu tenho a força de uma jogadora boa, de uma mulher boa. Nível de seleção. Simplesmente isso. Eu estou dentro da lei. O meu nível de testosterona está baixíssimo. Eu fiz toda a minha transformação, não há nada de errado. Se eu fosse ruim, ninguém comentaria”, disse a jogadora em entrevista ao Globo Esporte.
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Sua transição iniciou em 2013, quando começou a fazer um tratamento hormonal que já dura quatro anos. Na época, ela nem sabia que podia jogar em times femininos. “Eu era totalmente desinformada, como muita gente que comenta também é”, falou. No Brasil, Tiffany chegou a jogar a Superliga B masculina, em times de Juiz de Fora e Foz do Iguaçu.
“Assim que vim para a Itália, fui recebida com muito carinho, muito amor. A cidade toda. As meninas me tratam como se fossemos irmãs. Não tenho nada de diferente. Elas me tratam apenas como uma jogadora, e não como uma jogadora trans que veio”, diz.
No futuro, Tiffany sonha em jogar num time mais forte, em alguma competição de ponta. E, quem sabe, voltar ao seu país de origem para disputar a Superliga.
Posicionamento da CBV
No Brasil, neste momento, não há nenhuma solicitação de registro de jogadores trans. A assessoria de imprensa da Confederação Brasileira de Voleibol (CBV) informou ao Catraca Livre que o assunto será pauta de uma reunião em março da Comissão Médica da CBV.
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