Brasileira usa Facebook para denunciar xenofobia em Portugal

20/04/2017 16:20

A brasileira Cláudia Link, de 30 anos, tem dupla nacionalidade e mora no Porto há quatro anos
A brasileira Cláudia Link, de 30 anos, tem dupla nacionalidade e mora no Porto há quatro anos

A gaúcha Cláudia Link, de 30 anos e moradora do Porto há quatro anos, usou seu perfil no Facebook para fazer uma denúncia por ter sofrido xenofobia em uma estação de metrô da cidade, que fica em Portugal, na última segunda-feira, 17.

Cláudia perdeu o seu “cartão andante” (uma espécie de Bilhete Único local) e seus documentos na segunda, quando estava indo a uma entrevista de emprego. No relato feito na rede social, a brasileira conta que só se deu conta da perda quando foi abordada por um fiscal já dentro do vagão do metrô.

Ela foi encaminhada, juntamente com um rapaz português em situação similar, para um local onde seria, a princípio, apenas advertida. “Pensei comigo: ‘Ok, isso não passa de 5 minutos e com sorte chego 20 minutos atrasada”, lembra. “O fiscal agora concentra em mim e diz: ‘Agora você precisa explicar-se a minha superior’. Uma mulher portuguesa. A autoridade. Ela me olha de cima a baixo. Uma cara de deboche, um risinho querendo sair no canto da boca. Continua a falar, digo-lhe da entrevista de emprego, da minha disponibilidade, da minha ficha limpa, dos meus planos pro futuro que dependiam daquela entrevista, faço cara de boa moça, faço cara de quem vai explodir, pergunto a ela por que o outro rapaz foi embora”, continua o relato.

O que Cláudia não esperava que é a mulher tivesse chamado a polícia para resolver a situação e segue relatando uma série de intimidações sofridas. “Tudo a partir daí foi errado. Eu dava um passo ao lado e vinha o fiscal me mandar sentar”, conta na postagem. “Eu perguntei a ele o que aconteceria se eu me recusasse a esperar, quais as implicações legais se eu fosse embora. De novo: ‘Faça para ver o que lhe acontecesse’”, relembra.

Na postagem, que recebeu mais de 2,3 mil curtidas no Facebook e vários comentários solidários e outros xenófobos, Cláudia, que tem dupla nacionalidade, conta que começou a ficar nervosa, o que só piorou a situação para ela. “Comecei a falar mais alto, desespero pegando mesmo, e aí aconteceu. A fiscal ‘superior’ me olhou com uma cara de nojo e disse coisas do tipo: ‘Para de gritar nos meus ouvidos, não estou a gostar de tanto alvoroço, miúda descontrolada, só podia ser brasileira que gosta de barraco, foda-se essa gente’… até que culminou com um ALTO E CLARO: ‘VOLTE PARA O SEU PAÍS!’”.

De acordo com Cláudia, a polícia demorou cerca de 40 minutos, mas ela não conseguiu registrar queixa contra os fiscais ou mesmo a perda dos documentos. “Eu expliquei tudo, eles não deram a mínima. Preencheram uns papéis e foram embora. Nem sequer lá foram pra registrar a perda dos meus documentos”, relata. “NÃO FIZERAM NADA. Só chegaram ali, impuseram sua autoridade E FORAM EMBORA”, revolta-se. A brasileira termina o post reclamando da xenofobia e intolerância demonstrada pela polícia local.

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