Cacique Raoni anuncia aliança contra ameaças de Bolsonaro
Raoni, uma das filhas de Chico Mendes, Ângela, e a líder Sônia Guajajara se uniram após retrocessos do governo na área ambiental e indígena
O Cacique Raoni comanda até a próxima sexta-feira, 17, o encontro Mebengokrê, que reúne cerca de 600 indígenas representantes de 47 etnias na Aldeia Piaraçu, em Mato Grosso, com o objetivo de traçar uma estratégia para enfrentar a crescente onda de violência que vem ameaçando os povos tradicionais desde a posse do governo de Jair Bolsonaro.
Nesta quarta-feira, 15, Raoni, uma das filhas do líder seringueiro Chico Mendes, Ângela, e a líder Sônia Guajajara lançaram uma aliança contra os retrocessos do atual governo na questão ambiental e indígena. O cacique foi alvo de diversos ataques por parte de Bolsonaro.
Durante a coletiva de imprensa, Raoni enfatizou que não é a favor de conflitos. “Esse encontro não é para planejar uma guerra, um conflito. Estamos aqui para defender nosso povo, nossa causa, nossa terra. Eu quero pedir mais uma vez que o homem branco nos deixe viver em paz, sem conflito, sem problema. Eu nunca faria um encontro para atacar alguém. Estamos nos reunidos aqui para nos defender”, disse.
O cacique voltou a falar que não aceita que façam barragem e mineração nas terras indígenas. “Não aceito que destruam nossa floresta”, declarou.
Em seguida, direcionou uma mensagem a Bolsonaro: “Bolsonaro, veja se faça coisas bonitas, veja se faça as coisas direito. Ajude seu povo. Ajude o povo indígena. Você vem fazendo as coisas querendo destruir. Você mesmo não está respeitando o seu povo. Você não tá respeitando meu povo indígena. Vê se me escuta. Vê se minha voz chega a você, para você respeitar seu povo e povo indígena. Mas você fazendo coisa ruim, eu não gosto. Não gosto de você prejudicar o povo indígena e seu povo”.
Questionado pela imprensa se ele e Ângela pretendem reviver a aliança dos povos da floresta, Raoni respondeu que estão conversando a respeito. Segundo a filha de Chico Mendes, o pacto do movimento extrativista com o cacique e Guajajara faz referência a um projeto que seu pai desenvolveu nos anos 1980 com líderes indígenas como Ailton Krenak, uma Aliança dos Povos da Floresta.
Raoni refletiu, ainda, como o discurso de união dos povos se reflete na realidade. “Tenho falado aqui para meu povo que nós temos que nos unir para nos defendermos uns aos outros. Estamos reunidos aqui e podemos ajudar os Guarani, por exemplo, que estão sendo atacados”, explicou.
Ao final do encontro, organizado pelo Instituto Raoni e por ONGs, uma carta aberta será encaminhada ao Congresso e ao Ministério Público.