Cadê os atores e as atrizes LGBT do Brasil?
O galã Bruno Gagliasso viverá uma mulher trans na versão internacional de “Supermax”, cujos protagonistas são confinados em uma prisão de segurança máxima para gravar um reality show; enquanto que a atriz Bruna Marquezine fará parte do elenco de “Nada será como antes”, e interpretará uma dançarina ninfomaníaca que vai se envolver em um romance lésbico.
Tanto Gagliasso quanto Marquezine são heterossexuais. Na carreira de ator, nada mais louvável que interpretar uma personagem totalmente diferente da sua realidade. Cria-se, aí, o desafio. Mas, por que quando passamos para o outro lado, quase não enxergamos atores e atrizes LGBT interpretando personagens héteros? Aliás, cadê os atores e as atrizes LGBT do Brasil de um modo geral? Está difícil percebê-los.
Dois exemplos fundamentais são Marco Nanini (67 anos) e Luiz Fernando Guimarães (66), dois monstros da dramaturgia brasileira que recentemente saíram do armário. E ambos interpretaram papeis de machões na TV, como o Lineu de “A Grande Família”, e o Rui de “Os Normais”.
O incômodo é ter que contar nos dedos esses tipos de caso. Apesar de o apoio dos héteros à causa LGBT ser extremamente bem-vindo, o brasileiro ainda tem dificuldades em reconhecer o protagonismo de cada grupo de minorias.
É claro que não podemos ser pessimistas e simplesmente ignorar o avanço da visibilidade LGBT na televisão brasileira. Mas, se pensarmos que o primeiro beijo gay da TV Globo foi protagonizado por dois heterossexuais (Thiago Fragoso e Mateus Solano em “Amor à Vida”, 2014), entenderemos com mais clareza essa falta de representatividade.
No cenário internacional, a presença de LGBT nas séries, filmes e telenovelas é mais frequente. Como o caso da trans Laverne Cox, que interpreta a trans Sophia Burset, na série “Orange Is the New Black”. Justo, não?! Ou Jesse Tyler Fergusson, o Mitchell de “Modern Family”, casado com um homem na vida real e na televisão. Ou que tal Neil Patrick Harris, o Barney de “How I Met Your Mother?”, que nos encanta com sua atuação e com sua família.
Aplaudir Bruno Gagliasso trans, Mateus Solano beijando a boca de Thiago Fragoso, ou Bruna Marquezine transando com outra mulher, é fácil. Queremos começar a aplaudir as oportunidades iguais para todos. Queremos começar a aplaudir um LGBT brilhar no horário nobre. E que não seja vez ou outra, mas todo dia.