Por que a onda calor na Europa preocupa o mundo?
O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU indica que este é o período mais quente dos últimos 125 mil anos
Nesta semana, 21 países europeus emitiram alertas de calor extremo. Londres registrou a temperatura recorde de 43°C. A onda de calor, que provoca incêndios e já deixou centenas de vítimas, é bem diferente do verão brasileiro devido ao clima seco e à infraestrutura urbana da Europa.
É uma ilusão achar que essa temperatura recorde seria normal no Rio de Janeiro ou em Salvador. No Brasil, mesmo quando os termômetros estão nas alturas, a umidade do ar diminui a incidência de desidratação e insolação.
Outro ponto é a diferença estrutural urbana. Os locais foram idealizados para atravessar invernos rigorosos, com calefação central nos edifícios, por exemplo.
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Em partes da Europa, acostumadas com o frio, não é tão comum que haja arrefecedores de ambiente em casa, como ventiladores. Estima-se que menos de 5% das residências inglesas possuam ar condicionado.
Para ter uma ideia do calor
A empresa Network Rail Limited, responsável pela rede ferroviária de Londres, comunicou que as altas temperaturas expandiram e deformaram os trilhos, que foram projetados para suportar menos de 30ºC.
A rodovia que corta Cambridge foi fechada para o tráfego depois que o asfalto deformou em diversos pontos.
Os bombeiros londrinos tiveram os dias mais movimentados desde a Segunda Guerra Mundial.
Metade da Europa está em risco de seca devido à prolongada falta de chuva. Piscinas públicas anunciaram o fechamento, além de fontes, passeios e metrôs. Empresas deram folga aos funcionários.
Em Portugal, um país com pouco mais de 10 milhões de habitantes, as altas temperaturas provocaram a morte de mais de mil pessoas. As autoridades portuguesas colocaram 35 cidades do interior em alerta máximo de incêndio.
Na Espanha, mais de 500 pessoas perderam a vida e são muitos os focos de incêndio.
A Itália amarga a seca mais rigorosa dos últimos 70 anos, com temperaturas acima dos 40°C.
Desde que iniciaram os registros, em 1880, o mês de junho de 2022 empatou com o de 2020 como os mais quentes da história. As mínimas, no entanto, superaram o recorde anterior na Inglaterra: de 23,9°C, em 1990, para 25°C.
“Não Olhe para Cima” na vida real
Uma conversa inusitada na televisão britânica foi comparada a uma cena do filme “Não Olhe para Cima”. No longa da Netflix, os astrônomos Kate Dibiasky (Jennifer Lawrence) e Randall Mindy (Leonardo DiCaprio) descobrem acidentalmente que um cometa vai colidir com a Terra e tentam avisar a todos do desastre.
Em uma dessas tentativas de alertar o mundo, os dois cientistas vão a um programa de TV, mas o problema vira piada e é minimizado pelos apresentadores. No canal GB News, após a fala de um meteorologista sobre a onda de calor que se aproximava, a âncora do noticiário agiu como foi visto no filme. Assista ao vídeo:
As imagens partilhadas que mostram a onda de calor que afeta a Europa são realmente impressionantes, como afirma o meteorologista no noticiário britânico.
Faz algum tempo que o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) alerta que vivemos no período mais quente dos últimos 125 mil anos.
Segundo a Organização Meteorológica Mundial (OMM), a frequência, a duração e a intensidade do aumento de temperatura indicam a relação da ação humana com o aquecimento global.