Campanha arrecada US$ 50 mil para medalhista etíope pedir asilo

'Eles vão me matar', afirmou o atleta que teme voltar a seu país

23/08/2016 11:15

O etíope Feyisa Lelisa, prata na maratona das Olimpíadas no Rio de Janeiro, fez um gesto polêmico contra o governo da nação africana perto da linha de chegada. Por causa do protesto, ele poderá ser preso ou assassinado na volta para casa. Mas uma campanha na internet já conseguiu arrecadar quase US$ 50 mil em menos de 24 horas para que o atleta peça asilo nos Estados Unidos ou outro país.

Depois da prova, o maratonista deu uma entrevista e disse que realizou o movimento para chamar a atenção do mundo sobre o que está ocorrendo em seu país. Diante da repercussão nas redes sociais, o chefe do Escritório de Comunicações do governo etíope, Getachew Reda, afirmou à imprensa local que Lelisa não sofrerá acusações por suas opiniões políticas.

O etíope fez um protesto no final da maratona e corre riscos de vida
O etíope fez um protesto no final da maratona e corre riscos de vida

A ação para ajudar o maratonista conseguiu em apenas 18 horas a arrecadação de praticamente a totalidade dos US$ 50 mil que tinha como objetivo. “Convocamos todos os etíopes e defensores dos direitos humanos a contribuírem para apoiar o atleta Feyisa Lelisa, que mostrou um grande heroísmo ao se transformar em um símbolo internacional para os protestos oromo”, diz o texto da campanha.

Relembre o caso

Uma das provas mais esperadas das Olimpíadas, a maratona masculina foi palco de um protesto político que pode custar a vida do etíope Feyisa Lilesa.

Ao cruzar a linha de chegada na segunda colocação, o corredor fez um X com os braços cruzados sobre sua cabeça, sinalizando seu apoio aos Oroma, povo que vem sofrendo perseguições do governo do país.

Contudo, o protesto pode ter colocado o atleta no radar das autoridades da Etiópia, um dos países mais pobres e repressores do mundo. Em entrevista logo depois do fim da prova em que ficou com a medalha de prata, Lilesa disse à imprensa que corre riscos no retorno para sua terra natal.

“Eles vão me matar”, prevê o maratonista, “Oroma é a minha tribo, o povo Oroma protesta pelo que acha certo, pela paz, por um lugar”, concluiu. Ainda segundo ele, só vive com liberdade em seu país aqueles apoiam o governo, sinalizando o grau de repressão sofridos por quem se opõe.