Campanha da Nike com jogador da NFL gera protestos nos EUA

Colin Kaepernick liderou série de protestos contra a violência sofrida pela população negra nos EUA e, desde então, está sem time na NFL

NFL: Colin Kaepernick liderou série de protestos em referência à violência contra a população negra nos EUA
Créditos: NFL Network/Reprodução
NFL: Colin Kaepernick liderou série de protestos em referência à violência contra a população negra nos EUA

Na temporada de 2016-2017, o jogador de futebol americano Colin Kapernick protagonizou um desafiador gesto de crítica à violência policial contra negros nos EUA: ajoelhou-se durante execução do hino dos Estados Unidos, em vez de ouvi-lo de pé. Desde então, o atleta, que na época pertencia ao San Francisco 49ers, está sem time e fora dos gramados da liga profissional americana NFL.

Recentemente, a marca de material esportivo Nike convidou Kaepernick para uma campanha publicitária onde ele aparece com a frase: “Acredite em algo, mesmo que signifique sacrificar tudo”. Foi o suficiente para motivar uma série de reações em protesto à propaganda, com direito à queima e destruição de produtos da empresa.

Entre as inúmeras manifestações de intolerância que ganharam as redes sociais nos últimos dias, destaca-se a publicação do cantor de música country John Rich  no Twitter.  “Nosso técnico de som acabou de cortar a marca Nike de suas meias. Ex-fuzileiro. Prepare-se @Nike, multiplique isso por milhões”.

Em outra ocasião, um usuário que atende pelo nome de Sean Clancy postou um vídeo de um par de tênis da Nike em chamas, alegando que empresa o obrigou a escolher entre seus sapatos favoritos ou seu país. “Desde quando a bandeira americana e o hino nacional se tornaram ofensivos?”.

Enquanto isso, Kaepernick se torna um ícone da luta antirracista nos Estados Unidos. Doou, recentemente, vários itens pessoais para uma exposição realizada no Museu de História Afro-Americana. Camisas e capacetes usadas durante sua carreira estarão expostos na mostra sobre o movimento “Black Lives Matter”. “Ele deveria estar ao lado de Muhammad Ali. É o Ali da nossa geração”, afirmou o sociólogo Harry Edwards.

Entre as inúmeras manifestações de boicote ao jogador, o coproprietário do New York Giants, John Mara, admitiu que sua contratação poderia ter um peso negativo. “Em todos os anos nessa liga, nunca recebi tantas cartas cheias de paixão como com esse tema. Se qualquer um dos nossos jogadores fizesse algo assim, não voltaríamos para outro jogo dos Giants”.

Kaepernick x Trump 

Os primeiros atos protagonizados pelo quarterback foram uma resposta pública ao clima de tensão racial ocorrido em Charlottesville, quando neonazistas saíram às ruas da cidade e causaram a morte de uma mulher. Na época, a omissão do presidente Donald Trump, que se furtou a criticar os ataques dos supremacistas, serviu apenas para reforçar a posição de grupos antirracistas no país.

Em novembro do ano passado, Kaepernick definiu o mandatário como um “racista aberto”. Nas redes sociais, o republicano rebateu a crítica. “Talvez o que ele deveria fazer é buscar outro país que ele goste mais. Deixemos que tente, mas não vai acontecer”.

Diante do impasse que se arrasta às vésperas da nova temporada da NFL, na semana passada milhares de torcedores protestaram em frente aos escritórios da NFL, em Nova York, para pedir a contratação de Kaepernick. Apesar disso, nada se especula sobre a volta do jogador à competição.