Campanha feminista denuncia assédio sexual e moral no trabalho
Com a hashtag #assédionotrabalho, a iniciativa convida as mulheres a relatarem situações de abuso que já viveram
Em um país como o Brasil, em que homens ainda são a grande maioria nas posições de poder, o assédio moral e sexual contra mulheres no ambiente de trabalho é algo naturalizado. Pensando nisso, a Revista AzMina e a página Não Foi Ciúme lançaram nesta terça-feira, dia 12, a campanha #assédionotrabalho, que tem como objetivo quebrar o silêncio e debater sobre o assunto.
Em entrevista ao Catraca Livre, Nana Queiroz, diretora executiva da AzMina e autora do livro “Presos Que Menstruam”, diz que a ideia de criar a hashtag surgiu após a jornalista Adriana Caetano escrever um depoimento (leia na íntegra aqui) para a revista, em que ela conta como sofreu com o assédio sexual ao ser repórter de política no Congresso Federal. “O relato foi tão corajoso que decidimos levar isso para todas as mulheres”, afirma Nana.
Na campanha, as idealizadoras convidam as mulheres a denunciarem situações abusivas que já viveram em seus respectivos empregos. No entanto, de acordo com Nana Queiroz, conseguir identificar os casos de assédio no trabalho é algo muito delicado. “Muitas pessoas têm dificuldades em entender as diferenças entre abuso e cobrança nesse ambiente”, afirma.
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Até agora, alguns relatos já foram publicados usando a hashtag, inclusive sobre um caso de estupro. Caso a vítima não se sinta a vontade para compartilhar o texto nas redes sociais, é possível enviá-lo à revista e pedir para que a identidade seja preservada.
Pesquisa sobre assédio no trabalho
De acordo com uma pesquisa feita no ano passado pelo site Vagas.com, as mulheres são as maiores vítimas de assédio no trabalho. Enquanto o assédio moral acontece em proporções levemente superiores – homens (48%) e mulheres (52%) – o sexual é quatro vezes mais comum entre elas: 80% das vítimas são do sexo feminino.
A pesquisa também revelou que apenas 12,5% das vítimas fizeram denúncias, a maioria intimidada pelo risco de perder o emprego (40%), mas também pelo medo de represália (32%), a vergonha (11%) ou ainda o temor de que achassem que a culpa era sua (8%).
É importante ressaltar que todas essas situações também são de responsabilidade das empresas. “As grandes empresas e os órgãos do governo são, a nosso ver, coniventes com essa situação, pois não criam um ambiente seguro para que mulheres façam denúncias e sejam ouvidas”, escreveu Nana Queiroz no texto de lançamento da campanha.
Veja alguns relatos abaixo:
Estamos chocadas com o relato da Natacha, que foi estuprada por um chefe após um evento de trabalho. Vamos mandar uma…
Posted by Revista AzMina on Martes, 12 de enero de 2016
Eu estava no terceiro ano da faculdade e trabalhando como repórter de uma revista de um grande conglomerado midiático,…
Posted by Nana Queiroz on Martes, 12 de enero de 2016
Eu sempre fui uma pessoa um pouco desastrada, uma vez comprei uma camisa de cetim branca para trabalhar, e a enrosquei…
Posted by Itali Pedroni Collini on Martes, 12 de enero de 2016