Campanha Meu Primeiro Voto incentiva jovens a tirar título juntos

A experiência de tirar o título de eleitor nem sempre é das mais agradáveis para a maior parte dos adolescentes, principalmente pela falta perspectiva com a situação política atual do Brasil. Mas a campanha Meu Primeiro Voto, criada pelo movimento Acredito, quer mudar esse problema e engajar os jovens menores de 18 anos na hora de decidir o voto nas próximas eleições.

A iniciativa busca fazer com que tirar o título de eleitor seja algo coletivo e relevante. Para isso, propõe que os participantes combinem de ir juntos aos cartórios. “O Acredito faz a parte operacional: abrimos em nosso site um formulário para quem quiser participar. Então, reunimos os jovens de vários bairros próximos em um grupo de WhatsApp para que eles se conheçam e possam fazer o processo juntos”, explica o estudante de engenharia Samuel Melo, de 21 anos, coordenador de engajamento do movimento.

“Tirar o título de eleitor é tão importante e tão simbólico porque é basicamente o Brasil falando: ‘Ei, você já é responsável o suficiente para tomar uma decisão pelo coletivo’. E é por isso que a gente está nesta campanha, que é nacional, suprapartidária e para todo mundo”, afirma a cientista política e astrofísica Tabata Amaral, de 24 anos, coordenadora de agenda do Acredito.

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Segundo Samuel, não adianta um adulto ressaltar nas escolas sobre a importância do voto. “Essa iniciativa só vai funcionar se os jovens falarem para os próprios jovens da importância disso e como é que eles conseguem se juntar para eleger pessoas que os representem”, completa.

Para o coordenador, há dois aspectos importantes na hora de os jovens procurarem em quem votar: “A primeira é pensar em alguém que represente o nosso contexto, que eventualmente seja da nossa raça ou do mesmo gênero. Votar em mulheres e negros talvez seja um grande avanço para as eleições de 2018. O segundo ponto é, dentro deste primeiro filtro, procurar pessoas bem capacitadas para fazer políticas públicas: avaliar de fato seu histórico e o que ela fez pelo Brasil”.

Todos os que participarem da campanha receberão um curso de formação política da equipe do “FastFood na Política”, uma organização que trabalha esse assunto por meio de jogos e brincadeiras. O grupo que tirar a foto mais criativa da atividade também ganhará camisas oficiais do movimento.

O Meu Primeiro Voto acontece apenas no período de 9 de abril a 9 de maio. Os adolescentes que fazem (ou já fizeram) 16 anos até a data das eleições e que ainda não têm o documento são convidados a participar. Caso você já tenha o título, é possível se inscrever como voluntário e acompanhar os outros jovens. Quer saber mais informações? Veja no site do movimento.

• Para tirar ou renovar o título de eleitor, qualquer cidadão precisa ir ao cartório eleitoral até o dia 9 de maio com os seguintes documentos: carteira de identidade, carteira de trabalho ou certidão de nascimento ou casamento. 

A primeira ação do Meu Primeiro Voto teve a participação de nove jovens da zona sul de São Paulo. Abaixo, veja por que eles decidiram tirar o título e quais critérios usarão para votar neste ano:

Maikon Bueno, 17 anos

“Eu sinto um grande compromisso e uma grande responsabilidade de tirar o título de eleitor. De início eu não queria, mas depois falei: se eu quero ver a mudança no meu país, então por que não tirar? Como é minha primeira eleição, eu vou estudar bastante o meu voto e analisar várias possibilidades. Eu não quero jogar meu voto no lixo. A gente está em busca da mudança.”

Giulia Gonçalves, 16 anos

“Eu decidi tirar o título porque tomei consciência de que sou cidadã e, a partir disso, comecei a refletir mais sobre meus atos e deveres. O que eu posso fazer além do voto para ajudar a sociedade e a comunidade em que eu vivo? Eu espero que a gente tenha mais representatividade nessas eleições e que eles olhem mais para as comunidades. Eu espero que a gente tenha mais hospitais funcionando, que os médicos e professores tenham salários justos e que a gente tenha escolas boas. Estou procurando pesquisar sobre candidatos negros e mulheres porque são as pessoas que me representam.”

Pamela do Amaral, 17 anos

“Eu não tirei o título de eleitor antes porque não era uma coisa muito incentivada e eu não tinha muita opção. Nunca participei diretamente votando, mas sempre fui com meu pai desde pequena. E eu queria que fosse diferente desta vez, sabe? Não a mesma coisa de sempre, que a gente vai lá e vota por obrigação ou só em quem é mais famoso. Eu quero votar em pessoas não tão conhecidas e que tenham propostas legais.”

Maisa Irineu, 16 anos

“Eu quero dar minha contribuição direta na democracia. Quero que pessoas que estejam no Senado, no Congresso e na Câmara de Deputados me representem. Quero colocar pessoas que se pareçam e que compactuem com as minhas ideias para que os direitos de quem é parecido comigo sejam garantidos e preservados. Além disso, espero que a representatividade, principalmente de mulheres e negros, aumente nessas eleições. Pretendo estar cada vez mais ativa dentro da política e quem sabe me candidatar um dia.”

Gerson da Silva, 15 anos

“Eu decidi tirar o título agora porque, se eu deixasse para tirar aos 18 anos, teriam muitas outras coisas para tirar, como o Certificado de Reservista. Eu ainda não decidi meu voto, mas agora vou ficar em casa estudando sobre os políticos. O mais importante para mim é o candidato ter a personalidade boa e eu ter confiança nele.”

Agatha Gomes, 17 anos

“Eu quis tirar o título neste ano porque eu já completo os meus 18 anos. Não tirei antes, pois acredito que a gente não tenha o incentivo nem as instruções para discutir e estudar sobre política mais cedo. Eu espero algumas mudanças de cenário e de pessoas que serão eleitas, mais próximas com a nossa realidade. Querendo ou não, em todas as classes a gente cria estereótipos sobre quem está distante da gente, e só pessoas que estão próximas conseguem entender realmente a necessidade que cada área precisa.”

Gabriel dos Passos, 17 anos

“Eu quero que o próximo presidente cuide realmente do país para que a gente seja bem visto em outros países. Eu vou estudar e ver cada projeto dos candidatos para entender se eles são capazes de ser bons governantes. Acho importante começar a votar para tentar mudar o país.”

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