Carnaval 2018: Salgueiro faz black face e internet critica

Web ainda criticou a falta de mulheres na comissão de frente, em um enredo que, curiosamente, homenageou personalidades negras femininas

Salgueiro é acusada de black face e internet se revolta
Salgueiro é acusada de black face e internet se revolta

Na madrugada desta terça-feira, 13, aconteceu a segunda noite do desfile das escolas de samba do Grupo Especial do Rio de Janeiro. Com um dos enredos mais aguardados, a Acadêmicos do Salgueiro homenageou a luta e a história das mulheres negras, desde o Antigo Egito até as brasileiras contemporâneas.

Porém, duas alas chamaram muito a atenção das redes sociais: a bateria e a comissão de frente. Ambas por motivos diferentes, mas similares em sua raiz.

A comissão de frente do Salgueiro trouxe em sua concepção 15 pessoas, entre homens e mulheres, todos vestidos de mulheres, que davam à luz crianças negras durante a coreografia. A crítica da internet foi a seguinte: já que o enredo homenageava as mulheres, por que não convocar apenas mulheres para dar vida a esses papeis?

Já a bateria ganhou um enfoque maior das redes sociais. Os integrantes estavam caracterizados com black faces. O debate sobre black face é recente, porém batido. Qualquer pessoa que tenha internet e acompanhe os debates em redes sociais já sabe que o black face serviu por séculos para ridicularizar negros. Era uma ferramenta de opressão, e não deveria ser tratada como folia nos dias de hoje. Além disso, você deixa de dar oportunidades para pessoas negras interpretarem aquele determinado papel.

Nas redes sociais, a maquiagem não pegou nada bem:

Outras pessoas partiram em defesa do Salgueiro, minimizando o black face em detrimento da história e da negritude presente na escola:

Ao jornal O Globo, o coreógrafo da comissão de frente do Salgueiro, Hélio Bejani, disse que tem “liberdade poética” para fazer black face. E mais: justificou a utilização de homens para interpretarem mulheres na comissão de frente por necessitarem de “feições mais escuras”. “O enredo é afro. E é um afro mais histórico. Precisávamos dessas feições mais escuras. Por isso, decidimos pela pintura e por usar homens representando mulheres. Queria dar uma robustez. A maquiagem era a única forma de conseguir o tom certo”, disse o coreógrafo.

  • Ninguém tira aqui a grandiosidade do desfile do Salgueiro. Não tira, muito menos, a importância da temática abordada pela agremiação no desfile. Carnaval também é sinônimo de luta e resistência e, por isso, devemos aplaudir o enredo da escola. Contudo, algumas escolhas, como bem apontado pelos internautas, foram incoerentes.

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