Caso Robinho: Nem grampeada vítima se contradisse, assegura procurador
Stefano Ammendola confirmou que a vítima também foi grampeada e ao analisarem o depoimento à Justiça, não foram encontradas contradições por parte da moça
Em entrevista divulgada nesta terça-feira, 20, o procurador do caso de Robinho, Stefano Ammendola, afirmou que o relato da vítima teve credibilidade porque os investigadores também grampearam as ligações dela e as conversas gravadas coincidem com depoimento dado à Justiça.
Stefano Ammendola deu entrevista ao portal UOL Esportes, falando sobre a atuação no caso e como a investigação foi importante para que a Justiça chegasse na decisão de condenar Robinho a prisão logo na primeira instância.
Vale ressaltar que, além da mulher violentada, testemunhas e acusados também tiveram telefonemas grampeados.
“As interceptações [de diálogos] servem para entender se a vítima está dando uma versão pré-constituída diferente daquela dada no imediatismo da verbalização da denúncia com o procurador ou com a polícia judiciária”, explicou.
Em relação à albanesa, “não houve conversas que pudessem alterar sua versão [quanto ao que havia declarado em depoimento], o que indica o índice de confiança da vítima”, disse.
Ele que hoje está na Divisão Antimáfia de Milão, atuou no caso que condenou o jogador e seu amigo, Ricardo Falco, em 2017. Na Itália, os procuradores atuam também nos processos de primeira instância – no Brasil, os representantes do MP nessa fase da acusação são os promotores de Justiça.
Condenação
Robinho, que foi condenado, baseado, principalmente, no conteúdo dessas gravações, nega as acusações, até mesmo chegou a dizer que houve erro de tradução na sentença do caso. Ammendola foi perguntado justamente sobre essa contestação levantada pelo jogador, a resposta dele foi: “se tratando de uma sentença de primeiro grau não definitiva, o acusado tem todo o direito de se defender na apelação. Naquela sede poderão reivindicar os próprios direitos”.
“Cada um é livre de se defender como achar melhor. A pessoa pode dizer a verdade, mentir ou nem mesmo responder se quiser. Mas será a segunda instância a verificar a veracidade”, afirmou o membro do MP.
O procurador disse que as investigações que acompanharam as acusações foram positivas para a sentença: “Tivemos a fase investigativa, de audiência preliminar como é previsto na Itália, a fase processual e a sentença de condenação. Então, ao menos na primeira instância, as acusações foram aceitas”, disse.
“Obviamente, um processo se funda na dialética das partes, na versão da acusação e da defesa. E lembro que os acusados foram muito bem defendidos, mas é o tribunal que decide”, complementou.
Ele ainda diz que havia pedido dez anos de prisão aos brasileiros, mas se deu por satisfeito com a sentença de nove anos.