Cervejaria quer estimular consumidores a beber MENOS; entenda
'Queremos incentivar as pessoas a beberem da forma certa, ou seja, com moderação', afirma Bernardo Paiva, CEO da Ambev
Nesta sexta-feira, 13, o #sextou vai ter de ser acompanhado de reflexão: é o Dia de Responsa, data criada por uma cervejaria para debater a questão do consumo inteligente de bebidas alcoólicas.
De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), o Brasil está entre os países da América Latina com maior consumo de álcool e, atualmente, a luz vermelha tem sido acesa para os mais jovens: a idade de iniciação do consumo do álcool tem sido cada vez menor e a quantidade da bebida ingerida, cada vez maior.
A iniciativa da Ambev, de conscientizar sobre o consumo consciente do álcool, teve início em 2003, como uma forma de reunir projetos sobre o consumo responsável de bebidas alcoólicas. Segundo Bernardo Paiva, CEO da Ambev, o compromisso é fomentar uma cultura de responsabilidade. “Neste ano, o nosso foco é claro: queremos que as pessoas bebam menos, que bebam certo, ou seja, com moderação. Afinal, tudo, ou quase tudo, em excesso faz mal – e não seria diferente com a cerveja”, afirmou à Catraca Livre.
No Dia de Responsa, que acontece nas segundas sextas-feiras de setembro, os funcionários da cervejaria são encorajados a ir para as ruas e conversar com donos de estabelecimentos, garçons e consumidores sobre a importância de beber com responsabilidade. “Queremos incentivar as pessoas a beberem da forma certa, ou seja, com moderação”, afirma Paiva.
Uma das ações para estimular a mudança de comportamento dos consumidores de cerveja virá com uma das marcas da empresa: a Brahma vai disponibilizar água de graça em eventos proprietários, como o Rodeio de Jaguariúna.
O consumo moderado depende de conscientização e de alterações nos hábitos, e a Ambev diz querer atuar nessa decisão: “Moderação não é uma fórmula mágica, ela parte de pequenas atitudes que contribuem para um novo comportamento. Contar suas doses e conhecer seus limites, por exemplo, é um fator relevante que contribui para cada pessoa saber quando parar”, reforça o CEO.
E emenda: “Outras atitudes simples também fazem toda a diferença: se alimentar adequadamente antes de sair para aquele brinde ou happy hour, intercalar o consumo de água entre as doses de bebida e beber devagar, pois isso tende a dificultar a metabolização do álcool no organismo”.
Questionado sobre a contradição entre vender cerveja e, depois, apresentar uma ação em que dissemina o consumo moderado do produto, Paiva afirma que a intenção da empresa é manter uma “relação saudável e de longo prazo com a sociedade”. “Sempre fizemos questão de deixar claro que não nos interessa o lucro que vem do consumo indevido de nossos produtos. Sabemos que o consumo excessivo de bebidas alcoólicas traz riscos reais para todos nós”, diz o executivo.
Beber é comemorar, mas, como cada pessoa tem um nível de tolerância à bebida, vale lembrar que é preciso se conhecer bem para saber a hora de parar. “Muitas pessoas confundem diversão com consumo exagerado, mas, na verdade, os momentos são muito mais bem aproveitados quando se bebe da forma certa, ou seja, com moderação.”
A ligação entre bebidas alcoólicas e alguns problemas sociais, como agressões, violência doméstica e dependência também são pontos trabalhados pela cervejaria, segundo o CEO. “O consumo indevido de bebidas alcoólicas pode trazer uma série de consequências sociais negativas, que fazem parte também de um contexto maior da nossa sociedade. É por isso que nos engajamos em combatê-lo e temos como foco de atuação justamente uma das raízes do problema, que é o exagero no consumo de bebidas alcoólicas”, afirmou.
Além do Dia de Responsa, Paiva citou projetos da cervejaria que tentam minimizar esses problemas. “Temos o programa Brasília Vida Segura, que iniciamos em 2016 em parceria com o governo do Distrito Federal. Além de trabalhar para reduzir o número de óbitos e feridos em acidentes de trânsito, o programa também visa, por meio de uma parceria com as secretarias de Saúde e de Educação, à diminuição do consumo nocivo de álcool em 10% até 2020. Na frente de saúde, agentes comunitários da atenção primária entrevistam a população local sobre os padrões de consumo de álcool e fazem intervenções para que o consumo, quando existente, seja sempre feito de maneira moderada e sem prejuízos à saúde. Na frente de educação, o programa atua junto às escolas públicas do DF para que os jovens não consumam bebidas alcoólicas e entendam os riscos e as consequências desse comportamento.”