‘Claro que tava gostando’, diz padre sobre menina de 10 anos estuprada

Após repercussão, sacerdote excluiu o perfil das redes sociais e, em nota, pediu desculpas

21/08/2020 10:37

“Ela compactuou com tudo e agora é menina inocente. (Se) gosta de dar então assuma as consequências”. Essas foram as palavras do padre Ramiro José Perotto, de Carlinda (MT), sobre o caso da menina de 10 anos que foi estuprada pelo tio e engravidou no Espírito Santo.

Os comentários do pároco foram feitos numa postagem em que o presidente da CNBB Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), Dom Walmor Oliveira de Azevedo, criticava a interrupção da gravidez da criança.

 Para o padre Ramiro José Perotto, a menina de 10 anos que foi estuprada pelo tio por quatro anos “estava gostando” dos abusos.
 Para o padre Ramiro José Perotto, a menina de 10 anos que foi estuprada pelo tio por quatro anos “estava gostando” dos abusos. - Reprodução/Facebook

A menina passou por um procedimento de aborto no último domingo, 16, com autorização da Justiça.

Para o padre, a menina não foi vítima de abuso sexual.

‘Vá defender isso em outro lugar. Você acredita que a menina é inocente? Acredita em papai noel também? 6 anos, por 4 anos e não disse nada. Claro que tava gostando. Por favor kkkk, gosta de dar, então assuma as consequências’, escreveu ele.

‘Duvido uma menina ser abusada com 6 anos por quatro anos e não falar. Aposto minha cara. Ela compactuou com tudo e agora a menina é inocente kkkk. Gosta de dar, então assuma as consequências’.

Após indignação dos internautas com os comentários, o padre enviou uma nota ao site ‘Mato Grosso Ao Vivo’ com pedido de desculpas.

“Assumo a responsabilidade de ter proferido palavras desagradáveis, e justifico que compartilho da defesa da vida, nunca condenar e tirar julgamentos. Não foi minha intenção proferir palavras de baixo calão, as quais não comungam com minha fé e minha crença na pessoa humana. Àqueles que se sentiram ofendidos, só resta meu pedido de perdão”, escreveu o padre

“Excluí meu Facebook por não querer mais ofender e ser ofendido. Precisamos ser fraterno. Sempre preguei isso. As vezes que não fui, que Deus me perdoe. Lutemos pela vida, ela é dom de Deus”, completou o padre.