‘Coisas no Brasil são diferentes’, diz médico detido no Egito por assédio

Victor Sorrentino é apoiador do presidente Jair Bolsonaro e conhecido na web por defender o ‘tratamento precoce’ contra a covid-19

O médico Victor Sorrentino, apoiador do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e conhecido por defender o ‘tratamento precoce’ contra a covid-19, usou as redes sociais para se manifestar após ter sido detido no Egito, em investigação por assédio sexual após ofender uma vendedora muçulmana.

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Créditos: Reprodução/Instagram @drvictorsorrentino
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Durante a live, ele sempre ressaltava que não estava tentando justificar suas atitudes e sim reconhecer e assumir seus erros.

“Quando essa história chegou as autoridades, eu fui detido para prestar esclarecimentos. Eu posso dizer pra vocês que dentro de todos esclarecimentos que fizeram, uma das coisas que mais contou foi eu ter me disponibilizado o tempo todo a ser transparente como eu gosto de ser. (…) O que eu falei foi: ‘eu falei isso, mas eu não tive a intenção, eu fui infeliz, eu quero pedir desculpas a moça novamente’. Eu tô disposto a pagar aquilo que for necessário pelo meu erro”, disse ele na live.

Durante a live desta semana, o médico disse que as “coisas no Brasil são diferentes do Egito”.
“Porque eu nunca imaginei que eu fosse passar por aquilo, e eu nunca imaginei que a minha família fosse passar pelo que ela passou. Ela ficou sem ter notícias minhas durante um período.”

“Em nenhum momento eu tô querendo justificar qualquer erro meu, eu gosto de reconhecer aquilo que eu faço de errado, porque é a nossa forma de evoluir.”

Na transmissão, o médico se referiu a si mesmo diversas vezes em terceira pessoa.  “As autoridades decidiram em tudo que investigaram dos fatos que não havia motivos para abrir um processo para o Victor, não havia motivos para deportar o Victor, não havia motivos para reter o passaporte do Victor e que, portanto, o Victor deveria seguir o seu curso para casa com o passaporte, podendo voltar para o Egito quando quisesse sem ter que pagar absolutamente nada a não ser o preço do sofrimento de ter ficado praticamente seis dias sendo investigado em condições que são diferentes das condições do Brasil.”

Na transmissão, o médico pediu desculpas novamente à vendedora egípcia e a todos que se sentiram ofendidos.

“Eu devo as minhas sinceras desculpas a menina, que já me desculpei muitas vezes, a família dela, a todos que se sentiram ofendidos, essas comunidades femininas que se sentiram agredidas, às vezes, pegando uma notícia pela metade, mas essa notícia pela metade agrediu-as de alguma forma. E eu preciso dizer que eu sou filho de uma mulher que eu me orgulho muito, eu sou irmão de duas mulheres honestas, eu tenho uma esposa, eu cresci em volta de mulheres, eu tenho três primas de primeiro grau, mulheres que conviveram junto com a gente. Se eu não respeitasse as mulheres, eu não era digno de viver na família que eu vivo.”

Sorrentino foi detido em 30 de maio, no Cairo após publicar um vídeo em que faz perguntas com conotações sexuais a vendedora. No vídeo em que a mulher aparece, ele diz “vocês gostam mesmo é do bem duro, né?”. O médico e seus companheiros riram da situação e continuaram “elas gostam é do bem duro, duro. Comprido também fica legal, né? O papiro comprido”. A vendedora que aparentava estar constrangida, responde que sim, e vira alvo de risadas pelo grupo.