Colégio de BH anula prova com texto de Duvivier contra Bolsonaro

Pais que tiveram acesso à prova procuraram a escola para reclamar. O colégio cedeu e decidiu anular toda a avaliação

10/10/2019 12:32

O Colégio Loyola, em Belo Horizonte (MG), anulou uma prova após um professor usar um texto do humorista Gregório Duvivier com críticas a Bolsonaro, em uma das questões de Língua Portuguesa aplicada em alunos do Ensino Médio, na última segunda-feira, 7.

Colégio de BH anula prova com texto de Gregória Duvivier contra Bolsonaro
Colégio de BH anula prova com texto de Gregória Duvivier contra Bolsonaro - Reprodução/StreetView e Reprodução/Whatsapp

Na questão, aparecia o texto “Único jeito de não ficar triste é ficar puto”, de Duvivier. A crônica foi publicada no jornal ‘Folha de S.Paulo’, do qual o humorista é colunista,  no dia 28 de agosto criticas o atual governo comandado por Bolsonaro.

“Esse governo é um gatilho poderoso pra depressão. As queimadas, o apocalipse iminente, a recessão inevitável, o desemprego crescente, a vergonha mundial. O presidente parece eleito pela indústria farmacêutica pra vender antidepressivo”, diz um trecho do texto.

Colégio de BH anula prova com texto de Gregória Duvivier contra Bolsonaro
Colégio de BH anula prova com texto de Gregória Duvivier contra Bolsonaro - Reprodução/StreetView e Reprodução/Whatsapp

De acordo com a instituição de ensino, o protocolo seguido consta no documento de “Abordagem de Temas Transversais para formação integral inaciana na escola básica”, que prevê um posicionamento apartidário. Já o sindicado dos professores alega que houve um cerceamento da liberdade.

Pais que tiveram acesso à prova procuraram a escola para reclamar e o Colégio Loyola decidiu anular toda à avaliação.

“Entendo que o professor que aplicou essa avaliação já está lá há muito tempo, portanto, tem confiança e conhece as diretrizes do colégio, não houve nenhuma intenção partidária. A partir do momento em que o colégio passa a ceder a essas pressões de pais, há um cerceamento à liberdade de cátedra”, afirmou Valéria Morato, presidente do Sinpro (Sindicato dos Professores do Estado de Minas Gerais)

Ainda segundo Valéria, a escola precisa dar segurança aos profissionais. “Acho que a escola precisa ter segurança no processo político pedagógico. O Loyola é um colégio com muitos anos de mercado e tem respaldo da população. Portanto, precisa se fortalecer. A sociedade vive um momento de cerceamento em diversos setores, o colégio não pode ceder a esta postura anti-democrática”, ressalta a professora.

A escola emitiu uma nota onde diz que “tratará internamente as questões relativas à gestão de processos e equipes” e que “mantém-se aberto ao diálogo com as famílias e pessoas que integram a comunidade escolar”.