Colégio de BH anula prova com texto de Duvivier contra Bolsonaro

Pais que tiveram acesso à prova procuraram a escola para reclamar. O colégio cedeu e decidiu anular toda a avaliação

O Colégio Loyola, em Belo Horizonte (MG), anulou uma prova após um professor usar um texto do humorista Gregório Duvivier com críticas a Bolsonaro, em uma das questões de Língua Portuguesa aplicada em alunos do Ensino Médio, na última segunda-feira, 7.

Colégio de BH anula prova com texto de Gregória Duvivier contra Bolsonaro
Créditos: Reprodução/StreetView e Reprodução/Whatsapp
Colégio de BH anula prova com texto de Gregória Duvivier contra Bolsonaro

Na questão, aparecia o texto “Único jeito de não ficar triste é ficar puto”, de Duvivier. A crônica foi publicada no jornal ‘Folha de S.Paulo’, do qual o humorista é colunista,  no dia 28 de agosto criticas o atual governo comandado por Bolsonaro.

“Esse governo é um gatilho poderoso pra depressão. As queimadas, o apocalipse iminente, a recessão inevitável, o desemprego crescente, a vergonha mundial. O presidente parece eleito pela indústria farmacêutica pra vender antidepressivo”, diz um trecho do texto.

Colégio de BH anula prova com texto de Gregória Duvivier contra Bolsonaro
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Colégio de BH anula prova com texto de Gregória Duvivier contra Bolsonaro

De acordo com a instituição de ensino, o protocolo seguido consta no documento de “Abordagem de Temas Transversais para formação integral inaciana na escola básica”, que prevê um posicionamento apartidário. Já o sindicado dos professores alega que houve um cerceamento da liberdade.

Pais que tiveram acesso à prova procuraram a escola para reclamar e o Colégio Loyola decidiu anular toda à avaliação.

“Entendo que o professor que aplicou essa avaliação já está lá há muito tempo, portanto, tem confiança e conhece as diretrizes do colégio, não houve nenhuma intenção partidária. A partir do momento em que o colégio passa a ceder a essas pressões de pais, há um cerceamento à liberdade de cátedra”, afirmou Valéria Morato, presidente do Sinpro (Sindicato dos Professores do Estado de Minas Gerais)

Ainda segundo Valéria, a escola precisa dar segurança aos profissionais. “Acho que a escola precisa ter segurança no processo político pedagógico. O Loyola é um colégio com muitos anos de mercado e tem respaldo da população. Portanto, precisa se fortalecer. A sociedade vive um momento de cerceamento em diversos setores, o colégio não pode ceder a esta postura anti-democrática”, ressalta a professora.

A escola emitiu uma nota onde diz que “tratará internamente as questões relativas à gestão de processos e equipes” e que “mantém-se aberto ao diálogo com as famílias e pessoas que integram a comunidade escolar”.