Como foi o debate entre Lula e Bolsonaro na Band?

Na noite deste domingo, 16, aconteceu o primeiro debate do segundo turno das eleições presidenciais, transmitido pela Band e promovido por pool formado pelo portal UOL, o grupo Bandeirantes, a Folha de S.Paulo e a TV Cultura, com apoio do Google e YouTube.

De um lado, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que recebeu 48,43% dos votos válidos no primeiro turno e é apontado em todas as pesquisas de intenção de voto como o favorito ao pleito. De outro, o atual presidente da República que busca pela reeleição, Jair Messias Bolsonaro (PL), que conseguiu 43,20% dos votos válidos em 2 de outubro.

Veja os destaques do debate:

• Colesterol alto: existe uma forma de reconhecer esta grave condição por sinais nos pés
• Demência: estes hábitos são responsáveis por 40% dos casos da doença
• Nísia Floresta (RN) tem praias e lagoas com águas cristalinas; veja fotos e planeja sua próxima viagem para lá
• Este tipo de depressão não responde bem a medicamentos; saiba qual

1º bloco

O primeiro bloco do debate foi marcado por perguntas dos jornalistas.

Jair Bolsonaro voltou a defender que seu governo foi responsável pela criação do auxílio emergencial de R$ 600, e alegou que o Partido dos Trabalhadores votou contra.

Lula voltou a defender seu governo, de 2002 a 2010. Após defender seu governo, perguntou a Jair Bolsonaro quantas universidades e escolas técnicas ele criou nos últimos quatro anos.

Bolsonaro fugiu da pergunta, e voltou a falar sobre o auxílio emergencial e o Bolsa Família. O atual presidente criticou o Bolsa Família, afirmando que o programa chegava a dar apenas R$ 40 para os mais pobres, e que seu governo triplicou esse valor.

Lula ironizou, dizendo que a criação do Bolsa Família é de responsabilidade de seu governo e tirou muita gente da miséria. Com isso, o ex-presidente voltou a questionar sobre a criação de universidades e escolas técnicas.

Bolsonaro disse que dois dos últimos anos foram marcados pela pandemia e, com isso, as universidades ficaram fechadas.

Lula falou dos feitos de seu governo na área da Educação, e passou a falar da pandemia e sobre os atrasos da compra de vacina. O ex-presidente perguntou a Bolsonaro se ele não se sente responsável por pelo menos 400.000 mortes por covid-19.

Bolsonaro disse que tudo isso não passa de fake news. O ex-presidente afirmou que não atrasou, comprou logo após 2 meses ter vacinas, e disse que o Brasil foi o país que mais vacinou.

Lula elevou o tom, disse que Bolsonaro brincou com a morte, que ele imitou pessoas sem ar, que ele disse que quem tomasse a vacina seria gay e viraria jacaré, que ele virou vendedor de remédio que não servia para nada, que a ciência negou o tempo inteiro.

Em resposta, Bolsonaro atacou Lula, disse que o ex-presidente falou que a covid era uma bênção.

Ambos falaram sobre a CPI da Covid. Lula defendeu o trabalho feita pela comissão, e Bolsonaro disse que nada foi achado contra ele.

Lula voltou a falar sobre o atraso na compra de vacinas, disse que foi uma vergonha a forma como o governo Bolsonaro lidou com a pandemia. O ex-presidente defendeu Luiz Henrique Mandetta, o ex-ministro da Saúde que estava na pasta no começo da pandemia.

Bolsonaro disse que, em fevereiro de 2020, o Brasil decretou o estado de emergência da Covid-19. O presidente afirmou, inclusive, que a Globo e o doutor Drauzio Varella disseram que a Covid-19 não iria se propagar num país quente como o nosso. O presidente acusou Lula de mentir.

Lula elevou o tom novamente e disse que mentiroso é o Bolsonaro. O “rei da fake news”. Lula chegou a dizer que Bolsonaro não visitou nenhuma família que perdeu entes queridos para a Covid-19, mas que foi ao velório da rainha Elizabeth 2ª para passar a imagem de bonzinho.

Nisso, começou um acusar o outro de mentir.

Bolsonaro disse que o Brasil foi exemplo ao mundo na vacinação, e disse que todas as vacinas foram compradas pelo governo federal, e que se orgulha muito disso.

Lula voltou a falar que Bolsonaro é responsável por pelo menos 400.000 mortes na pandemia da Covid-19.

Bolsonaro começou a se irritar e decidiu mudar de assunto. O presidente começou a falar sobre o caso Marcola e questionou por que Lula não transferiu o narcotraficante, apontado como líder do PCC.

Lula respondeu que essa não era sua responsabilidade, mas do governador de São Paulo na época, Geraldo Alckmin. O presidente inclusive deu a entender que é o atual presidente que tem relações com criminosos.

O atual presidente rebateu e falou que Lula foi o mais votado entre os detentos brasileiros.

Ele disse que tem orgulho de ser o único candidato à presidência da República que tem coragem a entrar numa favela, sem colete de segurança. Disse que ia porque eu acredito no povo. Disse que foi no Complexo do Alemão, onde tem um povo maravilhoso e trabalhador, e vai voltar lá. Disse também que não teve votação maior só entre os detentos brasileiros, mas entre todo o povo brasileiro.

Bolsonaro decidiu mudar de assunto, e começou a falar sobre as obras de transposição do rio São Francisco. Afirmou que Lula negou água aos seus irmãos nordestinos, afirmou que ele não concluiu as obras da transposição, só começou, e não conseguiu concluir por conta da corrupção.

Em contrapartida, Lula disse que Bolsonaro é mentiroso, que ele mesmo fez 88% das obras da transposição do rio São Francisco, e que o atual presidente fez pouco mais de 3% e quer tirar todos os louros disso. Ainda perguntou a Bolsonaro se ele acha que o povo nordestino irá mesmo acreditar nisso.

Bolsonaro voltou a defender a conclusão da obra em seu governo, e ainda disse que Tarcísio, que concorre ao governo do estado de São Paulo contra Fernando Haddad, do PT, teve grande participação na finalização dessa obra.

2º bloco

O segundo bloco foi marcado por perguntas feitas por jornalistas.

• A primeira pergunta foi feita pela jornalista da TV Cultura, Vera Magalhães.

A jornalista perguntou se os candidatos se comprometem a respeitar a separação entre os poderes da República.

Lula começou a responder. Ele disse que na ditadura o Brasil teve sua primeira experiência em que Castelo Branco influenciou no STF. Lula afirmou que os ministros da Suprema Corte têm que ter gabarito e que ele é contrário a um presidente indicar amigos ao STF.

Bolsonaro disse que era um prazer rever a Vera Magalhães. A proposta da emenda de Constituição para isso é de Luiza Erundina, e disse que 40 deputados do PT apoiaram isso. Disse que da parte dele não haverá nenhuma proposta nesse sentido. Afirmou que o PT tem 7 ministros indicados por eles atualmente, e que ele mesmo só tem 2. Com Bolsonaro eleito, haveria 5 indicados pelo PT e 4 por ele. Um “equilíbrio”, na opinião dele.

• A segunda pergunta foi feita pelo jornalista Rodolfo Schneider

O jornalista perguntou de onde sairia o dinheiro para os R$ 600 do auxílio, e se a privatização da Petrobras está em jogo.

Bolsonaro afirmou que a campanha do “fica em casa” complicou a economia. Disse que o Brasil tem uma das gasolinas mais baratas do mundo. Disse que a política econômica do Paulo Guedes é um orgulho para o país.

Lula questionou qual o país em que Bolsonaro vive. Lula afirmou ser contra a privatização da Petrobras, afirmou que no seu governo a política para compra e venda de petróleo era melhor.

• A terceira pergunta foi feita pela jornalista Patrícia Campos Mello

A jornalista perguntou se os candidatos estão dispostos a se comprometerem a colocarem o judiciário para trabalhar contra as fake news.

Lula começou dizendo que Bolsonaro teve 36 fake news retiradas pelo TSE das redes sociais. Disse que as fake news são marca registrada do atual governo. Lula afirmou que o nível das campanhas em que participou contra Fernando Henrique Cardoso, contra Fernando Collor e contra José Serra foram muito mais elevados do que agora, porque os debates eram sobre o Brasil. Lula afirmou que será contra as fake news.

Bolsonaro rebateu dizendo que se ele não mentisse, não seria ele. Bolsonaro afirmou que a campanha de Lula criou uma fake news contra Bolsonaro, dizendo que o atual presidente está ligado à pedofilia.

• A quarta pergunta foi feita pelo jornalista Josías de Souza

O jornalista perguntou sobre as relações entre poderes e governabilidade. Ele afirmou que Lula e Bolsonaro compraram o apoio do centrão. Ele questiona sobre como será a relação dos candidatos, se eleitos, com o centrão, sem a necessidade de comprar votos.

Bolsonaro respondeu que não tem nada a ver com o orçamento secreto, do qual o jornalista o acusou de ter usado para comprar o centrão. Afirmou que até mesmo 13 congressistas do PT receberam verba do orçamento secreto, e que ele não compraria voto de petista.

Lula afirmou que o presidente tem que, invariavelmente, lidar com os congressistas. Lula falou sobre o orçamento participativo de seu governo, que a própria ONU o convidou para mostrar ao mundo como se faz.

3º bloco

• A primeira pergunta foi feita pelo jornalista Tayguara Ribeiro

O jornalista fez uma pergunta sobre educação. Falou que os estudantes ficaram sem escola por conta da pandemia e que isso foi danoso às crianças. Perguntou o que farão para corrigir isso, caso eleitos.

Lula falou que irá reunir os governadores e prefeitos das capitais para discutir como recuperar os alunos atrasados. Afirmou que os alunos mais pobres não tiveram um auxílio para acompanhar as aulas. Lula falou da necessidade de fazer um mutirão para recuperar esse atraso. Afirmou que os pobres e negros aprenderam menos.

Bolsonaro falou que os alunos ficaram mais analfabetos do que já eram nos governos de Lula e Dilma. Afirmou que o Ministério da Educação tem um aplicativo chamado “grafo game”, em que as crianças podem ser alfabetizadas pelo celular. Disse que atualmente a garotada aprende a ler e a escrever em seis meses.

Depois da pergunta do jornalista, começou-se um debate livre entre Lula e Bolsonaro.

Bolsonaro começou afirmando que Lula não respondeu sobre a pergunta do petrolão, feita pelo jornalista Josías de Souza, no 2º bloco. Ele disse que foi o maior esquema de corrupção da história do Brasil. Fez diversas acusações de corrupção contra Lula, e pediu que o ex-presidente respondesse sobre o petrolão.

Lula afirmou que o Petrobras fez uma dívida enorme, mas necessária. Falou que fez a maior capitalização da história para transformar a Petrobras na segunda maior empresa de energia do mundo. Lula começou a falar sobre diversos feitos do governo PT na área de energia. Afirmou que se houve corrupção em seu governo, foi investigado e punido, ao contrário do atual governo que esconde tudo, segundo ele.

A partir daí, começou troca de farpas e acusações de corrupção por muito tempo. Bolsonaro voltando a falar do Petrolão, acusando Lula de ser o responsável pelo esquema de corrupção, e Lula defendendo que houve investigação, e que quem roubou, foi punido.

Após as acusações de corrupção, Lula mudou de assunto. Começou a falar sobre salário mínimo. Perguntou a Bolsonaro por que nos últimos quatro anos não houve aumento real no salário mínimo. Por que o Brasil cresce a menos de 2% ao ano, se na época de Lula, crescia a uma média entre 4 e 7,5%.

Bolsonaro retornou ao assunto do Petrolão, e falou para que Lula não mentisse mais sobre a economia. Falou que em 2015 e em 2016, governos PT, o Brasil teve quedas gigantes na economia, sem pandemia, sem falta d’água e sem guerra lá fora. Bolsonaro elogiou o ministro da Economia, Paulo Guedes, e perguntou quem seria o ministro da Economia de Lula.

Lula começou a falar sobre os feitos de seu governo, falou de diversos números de melhoras em taxas de economia, educação, etc. Fez menção a Fernando Haddad, dizendo que foi o melhor ministro da Educação que o Brasil já teve. Lula afirmou que em seu governo, o Brasil teve as menores taxas de desmatamento, que não faz brincadeiras com a Amazônia como Bolsonaro faz.

Bolsonaro pediu que Lula ficasse ao seu lado para que o público pesquisasse no Google quem desmatou mais, alegando que o atual governo desmatou menos que o do PT.

A partir daí, um começou a dizer que desmatou menos que o outro.

Bolsonaro afirmou que Lula quer regular a mídia para que ele possa contar quantas mentiras quiser.

Lula afirmou que mentiroso é o Bolsonaro.

Em seguida, Bolsonaro quis falar sobre Daniel Ortega, presidente da Nicarágua, e perguntou se Lula é amigo dele.

Lula disse que o povo da Nicarágua que tem que tirar Daniel Ortega.

Lula falou muito mais que Bolsonaro nesse terceiro bloco, e viu seu tempo encerrar, enquanto Bolsonaro ainda tinha mais de 5 minutos para discursar livremente.

Bolsonaro começou a comparar os países vizinhos, governados por presidentes da esquerda, dizendo que lá eles estão na miséria. O atual presidente afirmou que, com Lula, o Brasil se igualaria a esses países. Bolsonaro criticou o valor que o PT pagava no Bolsa Família aos mais pobres, e disse que seu governo aumentou.

Em direito de resposta, Lula afirmou que Bolsonaro continua mentindo. Disse que Bolsonaro tem que explicar os 51 imóveis comprados em dinheiro vivo, as rachadinhas, e por que Queiroz continua escondido.

Considerações finais

Bolsonaro: “Quero um país livre, onde seja respeitada a liberdade de expressão, onde você possa ter certeza que seus filhos vão à escola e não seja ensinado a tal ideologia de gênero. Nós queremos um país sem drogas, o lado de lá quer liberar as drogas. Nós não queremos liberar as drogas. Nós somos cristãos. Nós respeitamos a vida desde a sua concepção. Não ao aborto. Sim à propriedade privada. Não ao MST invadindo terras. Pelo direito à legítima defesa. Esse é o país que nós queremos, e não o país do respeito.”

Lula: “Queria agradecer ao povo brasileiro, e queria dizer que o meu adversário é, efetivamente, o cara que tem a maior cara de pau para contar inverdades. Quem defende a democracia e a liberdade sou eu, muito mais do que ele, que é um pequeno ditatorzinho, que quer ocupar a Suprema Corte. Eu quero governar esse país democraticamente, dando prioridade a cuidar do povo brasileiro. Tem 33 milhões de pessoas passando fome. Quando eu falo do churrasco, é porque quando eu voltar a governar esse país, nós vamos voltar a comer um churrasquinho e tomar uma cervejinha”.