‘Como se veste uma criança de favelado do Rio?’, questiona pai
Colégio em Santa Catarina criou temática para festa junina que indignou pai de aluno do 4º ano
O empresário Willian Domingues, 34, recebeu um comunicado emitido pelo Colégio Cenecista Pedro Antônio Fayal que informava a realização de uma festa junina neste sábado, 1º de julho, em Itajaí (SC). A escola solicitava que seu filho do 4º ano fosse trajado de “favelado do Rio de Janeiro”.
“Como se veste uma criança de ‘favelado do Rio de Janeiro’? Porque, na minha visão, na favela do Rio há professores, advogados, donas de casa, enfim, trabalhadores no geral. Não existe uma classe, um tipo de pessoa ou fantasia para vestir pessoas da favela”, declarou o pai.
Essa festa de integração acontece todos os anos na escola, mas até então, de acordo com Domingues, não haviam exposto preconceito de classe. Neste ano, segundo o empresário, quiseram se “reinventar” e dividiram a turma em duas classes: metade seriam os favelados do Rio de Janeiro e o restante representariam médicos, advogados e empresários.
“Meu filho não quis ir. Ele já tinha optado por isso antes que eu chegasse em casa e soubesse da festa e do tema”, contou Domingues, que reforçou a importância de ensinar os filhos a não ter preconceito independentemente de raça, sexo e religião.
Ano passado, a mesma festa pediu para que a criança fosse trajada de rapper e não foi um problema. “Colocamos um correntão e um boné, porque rapper realmente se veste diferente. Agora, como assim favelado do Rio de Janeiro? “, questionou. Para ele, a escola foi “infeliz” na escolha do tema.
Nascido numa favela, o pai da criança cresceu na periferia e contou que já sofreu muito preconceito, por isso não admite que essa ideia seja passada para que seus filhos a reproduzam.
A situação foi comparada por ele com o recreio temático “Se nada der certo” promovido pelo Colégio Marista Champagnat, em Porto Alegre (RS): “Acho um caso parecido em que as pessoas reproduzem preconceito sem se darem conta. Me surpreende ainda mais, depois da ampla repercussão desse caso, a escola se submeter a uma falha tão parecida”.
Na quinta feira, 29, o colégio postou uma nota de esclarecimento em sua página do Facebook pedindo desculpas pelo ocorrido e reconheceu a “inadequação de uma frase descontextualizada”. A unidade disse que a intenção não foi criar estereótipos e que prezam por “somar com a comunidade”.
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