Condenado a 8 anos de prisão: entenda o que vai acontecer com Daniel Silveira

O deputado bolsonarista usou da força em processo, incitou animosidades entre Forças Armadas e STF, e tentou impedir livre exercício dos Poderes da União

Nesta quarta-feira, 20, o Supremo Tribunal Federal (STF) condenou o deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ) a 8 anos e 9 meses de prisão, inicialmente em regime fechado, pelos crimes de tentativa de impedir o livre exercício dos poderes e coação em processo judicial. Ele também teve a perda do mandato de deputado federal e a suspensão dos seus direitos políticos.

Daniel Silveira foi condenado a 8 anos e 9 meses de prisão por ataques e ameaças ao STF
Créditos: Reila Maria / Agência Câmara
Daniel Silveira foi condenado a 8 anos e 9 meses de prisão por ataques e ameaças ao STF

Ao todo, 10 dos 11 ministros votaram pela condenação do parlamentar. Apesar da condenação, especialistas ouvidos pela BBC News Brasil afirmam que Daniel Silveira não será preso e nem perderá o mandato automaticamente porque ainda cabe recurso da decisão.

De todos os ministros, apenas Nunes Marques, um dos indicados pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), votou pela absolvição integral do deputado. Ele criticou as declarações de Silveira, mas considerou que elas se tratavam de “bravatas que, de tão absurdas, jamais seriam concretizadas”.

Daniel Silveira era acusado pela Procuradoria Geral da República (PGR) pelos crimes de coação (uso de força) no curso de um processo judicial, incitação à animosidade entre as Forças Armadas e o STF e por tentativa de impedir o livre exercício dos Poderes da União. Os crimes, segundo a denúncia, aconteceram entre 2020 e 2021 quando ele divulgou vídeos em redes sociais atacando o STF, defendendo uma intervenção militar e ofendendo pessoalmente membros da Corte.

O que vai acontecer com Daniel Silveira?

De acordo com o ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Henrique Neves, por conta da condenação, Daniel Silveira está automaticamente inelegível e, em tese, não poderá disputar as eleições deste ano, na qual ele pretendia concorrer ao cargo de senador pelo Rio de Janeiro amparado pela base bolsonarista que o elegeu em 2018.

“A inelegibilidade decorrente da condenação criminal nasce com a publicação do acórdão (decisão) condenatório, independente de recurso. Ela só será suspensa se o condenado conseguir uma liminar para conceder efeito suspensivo”, explicou.