Confederação anuncia urgência em investigação de casos de abuso

Entidade afastou Fernando de Carvalho Lopes após 42 depoimentos de vítimas

O técnico Fernando de Carvalho Lopes

A Confederação Brasileira de Ginástica (CBG) quebrou o silêncio e se manifestou pela primeira vez na noite desta segunda-feira, 30, após as denúncias de abuso sexual contra Fernando de Carvalho Lopes, ex-técnico da Seleção Brasileira de Ginástica Olímpica.

Em nota divulgada no “Jornal Nacional”, da TV Globo, a entidade alegou que está trabalhando em parceria com o Ministério do Trabalho para investigar o caso, e prometeu tomar providências urgentes para apurar casos de abuso na modalidade.

A polícia ouviu mais de 80 pessoas, 42 ginastas e ex-ginastas, que alegaram terem sido vítimas de algum tipo de abuso físico, moral ou sexual por Fernando Lopes.

O técnico foi afastado da equipe olímpica um mês antes dos Jogos Rio 2016, quando foi denunciado por um menor de idade.

Confira a nota da CBG:

“Relativamente à matéria exibida neste domingo no Programa Fantástico, da Rede Globo, a Confederação Brasileira de Ginástica (CBG), por meio desta, informa que adotará providências urgentes, em consonância com orientações do Ministério Público do Trabalho, órgão que tem cooperação nessa área, no sentido de avaliar o melhor procedimento que o caso requer.

De todo modo, vale ressaltar previamente que a entidade fará a oitiva do treinador Marcos Goto sobre a acusação de comportamento inadequado.

Quanto aos aspectos preventivos e até repressivos na temática vale reiterar, conforme link abaixo, que a CBG firmou ajuste com o Ministério Público do Trabalho para combate à assédio e abuso moral e sexual, manipulação de resultado, doping e outras formas de violência ou fraudes no esporte.

A instituição já realizou seminário bastante exitoso em parceria com o COB acerca do assunto e implementou ações e atividades educativas e preventivas nesse aspecto. No mesmo sentido, foi aprovado na assembleia geral da CBG o código de ética, e está sendo composto o comitê de ética e integridade da Confederação para processo e julgamento de casos relacionados ao descumprimento da codificação mencionada.

Nenhum caso de Assédio ou Abuso ficará sem rigorosa apuração e eventual sanção, conforme a hipótese”.

Ao telejornal, o acusado se diz inocente e alegou que as vítimas terá de provar os abusos.

  • Relato dramático:
Diego Hypolito revelou que foi vítima de abuso por parte de outros técnicos

Em entrevista exibida no “JN”, Diego Hypolito revelou que foi vítima de bullying e assédio quando ainda era criança e treinava no Flamengo, no Rio de Janeiro.

Sem citar os nomes dos abusadores, o medalhista disse que sofria intimidações constantes e práticas constrangedoras.

“Quando eu vi a matéria hoje [dia 30 de abril], no ‘Globo Esporte’, foi a primeira vez que eu tive coragem de contar pra minha mãe que eles me faziam ficar pelado, e pegar com o ânus uma pilha colocando uma pasta de dente em cima e a questão da humilhação. E, neste dia, quando aconteceu isso, eu tive ataque epilético e, depois, por ter tido o ataque epilético, eu não consegui fazer a prova toda […] Depois a gente tinha de colocar ainda com o ânus, não podia ajudar com a mão, você tinha de se agachar, pegar a pilha com o ânus e depois deixar dentro de um tênis, num buraquinho de um tênis. E, depois, […] se a pilha caísse fora, você tinha de voltar e fazer a prova de novo. Eu fiquei muito nervoso com a situação acontecendo, me deu desespero”, detalhou.

Em outra entrevista concedida logo após as acusações contra Fernando, Hypolito se disse espantado. “Eu achava que era um telefone sem fio, que era fofoca. Eu acredito que alguma coisa existe. Não é possível. É muita gente, é impressionante. Eu não fazia ideia. São muitas crianças. É chocante”, disse.

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