O milagre de Santa Isabel

Não existe segredo: gente talentosa, com garra, frequentando as melhores escolas, só pode se destacar

Durante um encontro com professores na sexta-feira passada, no Centro de Convenções da Bolsa de Valores, no Rio de Janeiro, Marco Antônio Lopes, um rapaz de apenas 18 anos de idade, começou sua apresentação tentando desfazer a estranheza da plateia: “Vocês devem estar achando que eu sou um pouco jovem para ser professor”.”

Em poucos minutos, ao relatar sua história, ele fez a desconfiança dos ouvintes converter-se em admiração. Marco Antônio está por trás de uma proeza realizada em Santa Isabel, uma pequena cidade da região metropolitana de São Paulo, onde vivem 50 mil habitantes. Lá, estudantes estão conquistando medalhas em olimpíadas brasileiras de matemática, de informática, de astronomia e de física.

Só para oferecer ao leitor uma simples medida de comparação, cito cidades como a rica São José dos Campos, que, com 650 mil habitantes e centros de excelência em tecnologia, tem 30 finalistas na Olimpíada Brasileira de Informática, e Campinas, sede de empresas de alta tecnologia e um dos principais centros universitários brasileiros, que, com 1 milhão de habitantes, não tem sequer um finalista nessa competição. Santa Isabel, por sua vez, sai à frente, com 25 finalistas.

O milagre educacional de Santa Isabel é um dos símbolos de que dispomos para descortinar um dos maiores desperdícios brasileiros -o desperdício de talentos.

Filho de uma família de baixo poder aquisitivo, Marco Antônio recebeu o apoio do Ismart (Instituto Social para Motivar, Apoiar e Reconhecer Talentos), um programa criado para revelar talentos, bancado por empresários. Ele entrou no ITA e, neste ano, foi aceito pelo MIT (Massachusetts Institute of Technology).

Como sentia a necessidade de retribuir o apoio obtido, criou em Santa Isabel, sua cidade, um projeto para formar jovens, tornando-os aptos a disputar as olimpíadas escolares. Já tem 150 alunos e o apoio entusiástico de professores do ITA, que se dispuseram a abraçar essa causa. Desde 2005, Marco Antônio já vinha arrebanhando vários desses prêmios, dentro e fora do Brasil.

Alunos de seu programa são descobertos e apoiados pelo Ismart para entrar nas melhores faculdades -alguns deles, por sua vez, transformam-se em monitores. É um monumental círculo virtuoso.

A imensa maioria dos beneficiados do Ismart, embora de origem pobre, entra nas melhores faculdades brasileiras. Esses jovens recebem apoio para ingressar em boas escolas privadas, como os colégios Santo Américo, Bandeirantes ou Santa Cruz, em São Paulo, e o Colégio de São Bento ou o Santo Inácio, no Rio.

Não existe aqui nenhum segredo: gente talentosa, com garra, frequentando as melhores escolas, só pode mesmo se destacar. Rapidamente, vão desaparecendo os buracos deixados no passado pela educação pública deficiente. (Leia a coluna completa no jornal Folha de S.Paulo).

PS- Veja abaixo informações sobre o programa do Ismart e depoimentos de alguns de seus beneficiários.

Osvaldo e Marco Antonio Lopes

Henrique

Sabrina Araújo

Sobre o Ismart


Por Redação