Dallagnol captava recursos de empresários para Instituto Mude
Agência Publica e The Intercept revelam atuação do chefe da força-tarefa da Operação Lava-Jato junto a empresários
O procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Lava Jato, captava investimentos com grandes empresários para financiar o Instituto Mude – Chega de Corrupção. O modus operandi da captação é demonstrado pela Agência Publica em parceria com o site The Intercept Brasil, em mais uma reportagem da série acerca dos vazamentos da Lava Jato.
O Instituto Mude – Chega de Corrupção foi criado para promover, além da própria operação Lava-Jato, as dez medidas de combate à corrupção e suas opiniões políticas.
Mensagens trocadas entre o procurador e membros do Instituto Mude no Telegram, recebidas pelo Intercept Brasil e analisadas em conjunto com a Agência Pública, revelam que ele se reuniu com empresários, às vezes a portas fechadas, na sede da Procuradoria, para arrecadar verbas para a entidade.
Uma empresária que foi “investidora anjo” da organização: a advogada Patrícia Tendrich Pires Coelho era amiga de investigados na operação. Ela não foi alvo de denúncia pelos procuradores, mas seus sócios foram denunciados em julho último por envolvimento em esquema de corrupção em contratos com a Petrobras.
Apesar de saber que a empresa de Patrícia, a Asgaard Navegação S. A., fornecia navios para a Petrobras e ter conhecimento de sua proximidade com o empresário Eike Batista e com o banqueiro André Esteves, fundador do BTG Pactual – dois alvos da força-tarefa coordenada por Dallagnol –, o procurador não só aceitou a sua ajuda financeira como fez a ponte da empresária com os membros oficiais do instituto e se reuniu com ela para tratar da doação.
Veja aqui a reportagem.