Daniela Bezerra da Silva: a criadora do “Transparência HackDay”

14/06/2010 08:49
Com mestrado em transparência pública e tecnologias, Daniela Bezerra da Silva ajudou a formar o grupo batizado de “Transparência HackDay”. “Há uma enorme desproporção entre a capacidade dos governos de serem precisos quando cobram impostos e a de serem precisos quando prestam informações”, diz ela.
O que se quer, em síntese, é ter acesso não só aos relatórios publicados na internet, a maioria deles desinteressantes e incompreensíveis, mas também aos dados primários. Estes são devidamente traduzidos e, depois, divulgados pela rede. É aí que entra a habilidade de navegação pelos computadores.
Desse grupo de rebeldes digitais nasceu uma investigação sobre a prestação de contas dos vereadores de São Paulo, apresentada sem detalhamento na página da Câmara Municipal. Descobriu-se com precisão como e quanto gasta cada um dos parlamentares.
As descobertas foram aproveitadas por outro movimento digital, batizado de “Adote um Vereador”: um grupo de pessoas “adota” um vereador, que é acompanhado diariamente por uma página da internet conectada às redes sociais.
Entrou-se no banco de dados do Serviço de Atendimento ao Cidadão de São Paulo. Nessa base, são registradas as queixas da população, que, entretanto, não tem como acompanhar o encaminhamento dado a elas. Conseguiu-se montar um mapa das reclamações bairro a bairro -viu-se, aliás, que os ricos reclamam mais do que os pobres.
Para enfrentar esse problema, o projeto Urbanias recebe as reclamações dos moradores paulistanos, publica-as em um site e acompanha o processo nas repartições municipais. Assim, o cidadão consegue seguir, passo a passo, o trâmite da sua demanda.

Texto publicado originalmente no caderno cotidiano, do jornal Folha de S. Paulo