Debate na Globo: Bate-boca, deboche e bronca de Bonner; veja destaques
Veja quantas vezes foram concedidos direitos de resposta
Nesta quinta-feira, 29, na TV Globo aconteceu o último debate entre os candidatos à presidente da República, antes do primeiro turno das eleições e os estúdios da emissora ferveram com o embate entre Jair Bolsonaro e Luís Inácio Lula da Silva.
1º Bloco
O debate já começou com um enfrentamento de peso. Ciro Gomes (PDT) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se enfrentaram logo de saída.
Pela dinâmica Ciro perguntou a Lula. O pedetista questionou o ex-presidente sobre os 5 brasileiros mais ricos deterem a riqueza equivalente dos 100 milhões mais pobres.
Lula respondeu dizendo que Ciro poderia ter perguntado diferente e elencou resultados positivos da geração de emprego e renda nos anos que foi presidente da República. Na réplica, Ciro disse que Lula faz um pequeno recorte dos 14 anos de governos do PT. Na tréplica, Lula disse que Ciro está nervoso.
Depois do primeiro embate Bolsonaro e Kelmon fizeram uma dobradinha, em que o atual presidente falou que Lula incentivava o inicio sexual das crianças e outras atrocidades. A Globo concedeu direito de resposta para o ex-presidente, que criticou Bolsonaro por falar ‘mentiras’ contra ele e relembrou o escândalo das rachadinhas no gabinete de Flávio Bolsonaro para dizer que o presidente não tem moral pra falar de corrupção.
Em seguida, a emissora concedeu direito de resposta para Bolsonaro, que chamou Lula de “mentiroso” e o mandou “tomar vergonha na cara”. Em seguida, a Globo deu novamente direito de resposta a Lula, que criticou o sigilo de 100 anos que Bolsonaro colocou nas rachadinhas, na carteira de vacinação, documentos da Covaxin, no encontro de Michelle Bolsonaro no Palácio da Alvorada, e sobre os acessos dos filhos do presidente ao Palácio do Planalto, dentre outros episódios. Lula não usou seu um minuto de direito de resposta inteiro e disse que queria que todos tivessem espaço para falar.
Logo depois, Bolsonaro pediu direito de resposta novamente, mas a Globo não concedeu.
O primeiro bloco seguiu. Felipe D’Ávila (Novo) perguntou para Ciro, que voltou a falar de Lula, que pediu direito de resposta e a Globo não deu. Depois, Bolsonaro perguntou para Simone Tebet sobre o envolvimento de Lula com o assassinato de Celso Daniel.
Lula pediu direito de resposta sobre a acusação de envolvimento com a morte de Celso Daniel. A emissora concedeu o direito de resposta. O ex-presidente disse que era amigo de Celso Daniel, disse que chamou ele para ser o coordenador de seu plano de governo. Bolsonaro pediu novamente direito de resposta e foi concedido. Depois Lula Pediu novamente direito de resposta e foi concedido.
2º Bloco
No inicio do segundo bloco, o candidato do Novo perguntou para Lula se num próximo governo dele haveria corrupção e citou vários dados e não citou suas fontes. O ex-presidente quando respondeu questionou D’Ávila justamente sobre isso. Na réplica, Felipe citou alguma fonte e quando Lula foi pra tréplica, voltou a responder números dos seus governos como o aumento das universidades, brasileiros viajando mais, comendo mais e melhor, dentre outros.
Em seguida, Tebet perguntou para Bolsonaro sobre as queimadas. Bolsonaro negou haver problema na área ambiental, disse que Simone mente, que “pega fogo no Pantanal todo ano” e que o “Brasil é exemplo para o mundo todo”. “Mente tanto que acredita na própria mentira”, respondeu Tebet. “Eu sou do agronegócio. A falta de chuva prejudica a produção. Eu se eleita vai ser desmatamento ilegal zero… Meio Ambiente é vida e precisa ser preservado”.
Em seguida, Padre Kelmon foi perguntar para Ciro Gomes. Ele disse que “as universidades federais viraram fábricas de militantes do PT” e perguntou ao pedetista como ele vai acabar com isso. Ciro respondeu falando sobre seus projetos para a universidade pública. Ele prometeu expandir o ensino universitário com o melhor padrão de ensino.
Soraya Thronicke perguntou para o Padre Kelmon sobre o preconceito. O falso sacerdote disse que “somos todos iguais”, brasileiros, irmãos uns dos outros, e que todos “somos cristãos”. Ele disse ainda: “voces dividem as pessoas pela cor da pele. Raça só existe uma. E essas pessoas de esquerda já estão com essa retórica de dividir para dominar. Não dá pra aceitar, é preciso olhar para o evangelho”. Na sua réplica Soraya disse que Kelmon é padre de festa junina.
Depois Bolsonaro perguntou sobre Congresso Nacional para Felipe D’Ávila.
Kelmon teve um direito de resposta concedido pelo embate com Soraya.
Em seguida, Lula perguntou para Simone Tebet sobre meio ambiente. O ex-presidente questionou a emedebista o que ela propõe para resolver a questão climática no Brasil. Simone disse que no governo dela será desmatamento ilegal zero, disse que “não é meio ambiente ou agronegócio e sim meio ambiente e agronegócio”. Ela fez questao de salientar que o desequilíbrio ambiental faz o agro perder recursos e ainda deixa os alimentos mais caros. Lula disse que vai acabar com o garimpo ilegal.
Logo depois, Ciro perguntou para Soraya Thronicke sobre geração de empregos. Ela disse que o imposto único vai ajudar a gerar mais empregos e vai criar a possibilidade do empregador que está com dívida ativa com a União, vai poder propor reverter o que deve criando postos de trabalho. Ciro disse que em seu projeto nacional de desenvolvimento inclui retomar obras paradas pra gerar empregos.
3º Bloco
O bloco inicia com Bolsonaro perguntando a D’Ávila sobre carga tributária. Os dois ficam trocando bola defendendo estado mínimo e redução de direitos trabalhistas.
Em seguida, Padre Kelmon pergunta para Lula sobre corrupção e o acusa de ser o responsável pelo maior escândalo de corrupção do mundo. O ex-presidente respondeu irritado que foi inocentado das 26 denúncias que sofreu. Sobre o Instituto Lula, ele disse que sua ligação é apenas no nome.
Na réplica do falso padre iniciou uma grande confusão entre os dois, e aí ninguém mais respeitou ninguém e foi um baita bate-boca. Bonner tentou intervir, mas os dois ignoraram solenemente e seguiram gritando um com o outro, com os microfones desligados. O mediador seguiu tentando acalmá-los sem sucesso e só conseguiu quando ameaçou levar o debate para o intervalo.
Logo depois de acabado o bate boca entre Lula e Kelmon, D’Ávila perguntou sobre privatizações para Tebet. Ele disse que defende privatizar todas as grandes estatais e que Simone não. Ela concordou, disse que não é favorável a privatizar a Petrobrás, por exemplo. Disse que nao é a favor nem do estado mínimo, nem de um estado robusto, mas do tamanho da necessidade das pessoas. Defendeu que educação, saúde, meio ambiente não podem ser privatizados. Ainda salientou que a Petrobrás se vendida, em 3 anos o comprador recupera o valor de venda e que por isso não vale a pena vender, que os lucros e dividendos da estatal devem ser usados pra investir nos setores estratégicos do país, como os que ela já havia citado: Educação, Saúde e Meio Ambiente.
Em seguida, Ciro perguntou para Bolsonaro também sobre corrupção, citando o orçamento secreto. Bolsonaro disse que nao teve culpa, que a decisão foi do Congresso.
Depois, Lula perguntou para Ciro quais os projetos dele para Cultura. O pededista prometeu retomar o Ministério da Cultura, rever as leis de incentivo da Cultura para que elas saiam do eixo Rio/SP e atendam o país inteiro, além de retomar as fundações e órgãos federais fechados ou sucateados pelo governo Bolsonaro. Lula concordou com as iniciativas de Ciro e também falou rever leis de incentivo e a criação de conselhos municipais de Cultura.
Após do embate entre os antigos aliados, Soraya e Kelmon voltaram a se enfrentar. A candidata fez questão de mandar felicitações ao padre que realizou seu casamento, debochando do falso padre e depois lhe perguntou sobre Educação. Kelmon partiu pra linha do “se vocês tratam um padre desse jeito, imagine o que vocês não fazem com o povo?”.
Por último, Simone perguntou para Soraya sobre educação. “Enquanto uns comem picanha de quase R$ 2 mil e se lambuzam com leite condensado (se referindo à Bolsonaro), nossas crianças comem bolacha seca e tomam suco de pozinho”, disse Thronicke sobre a falta de merenda de qualidade nas escolas. Tebet prometeu que vai pagar R$ 5 mil todos os alunos que terminarem o ensino médio, disse que o projeto vai custar R$ 10 bilhões por ano e que isso é metade do que é gasto com o orçamento secreto.
Antes de acabar o terceiro bloco, Bolsonaro teve direito de resposta sobre o orçamento secreto. Bolsonaro voltou a dizer que nao tem culpa.
4º Bloco
O quarto bloco começou quente. Soraya foi perguntar para Bolsonaro sobre Segurança Pública e ele respondeu atacando a candidata. O presidente falou que Thronicke gosta é de cargo, mostrou ofícios que seriam dela pedindo cargos em diversos órgãos federais, mas como ele nao deu, ela virou inimiga do governo. Relembrou que ela se elegeu usando o nome dela e disse que ela está fazendo papel de laranja.
Depois Soraya criticou Bolsonaro sobre a condução do país na pandemia e sobre a demora na compra da vacina e perguntou se ele teria se vacinado. O presidente disse que comprou vacinas e se vacinou quem quis. A candidata teve direito de resposta sobre ter sido chamada de laranja e disse que Bolsonaro não respondeu se tomou vacina e pediu respeito.
Em seguida, Tebet perguntou a Lula sobre privatização de estatais deficitárias, aquelas que não dão lucro. Lula disse que seu governo, com o PAC, fez o maior investimento da história do país no setor. Disse que não foi por sorte que a Petrobrás encontrou o pré-sal, foi porque ele investiu em pesquisa. Simone disse que o ex-presidente não respondeu sua pergunta.
Logo após o embate entre Tebet e Lula, Bolsonaro teve um direito de resposta concedido pelo que Soraya falou no direito de resposta dela. O presidente aproveitou ao momento para pedir votos ao seu candidato à governador no Mato Grosso.
Foi então, que Bolsonaro e o falso padre foram ao púlpito fazer mais uma dobradinha. Desta vez sobre cultura. Kelmon aproveitou para criticar a Lei Rouanet que é usada para promover a imoralidade, segundo palavras dele. O presidente entao elogiou Mario Frias e desejou boa sorte na campanha para deputado federal e também criticou a lei de incentivo à Cultura.
Em seguida Ciro perguntou para Soraya sobre privatizações. D’Ávila à Simone sobre saúde. Kelmon à D’Avila sobre habitação. Lula questionou Ciro sobre Agricultura e disse que vai criar o Ministério dos Povos Originários. Ciro criticou o ex-presidente por exigir uma espécie de gratidão eterna para o seu governo. O pedetista não acha justo pois o contexto agora é outro e criticou Lula pelas alianças que fez em seu governo, inclusive disse que esse foi um dos motivos que o levou a deixar o governo, pois não houve um plano nacional de desenvolvimento e sim a personificação da política entorno do nome dele.