Decreto determina que Camping Itapuã encerre as atividades e campistas lutam para manter o local

No dia 1º de setembro foi publicado decreto que estabelece fim do camping e desocupação dos campistas que o mantêm em funcionamento

O Camping Ecológico de Itapuã, tradicional na cidade de Salvador e em atividade há cerca de 40 anos, passa por um conturbado processo: enquanto a Prefeitura visa encerrar as atividades do local, os campistas e a população a favor do turismo social tentam mantê-lo ativo.

Camping Itapuã passa por processo de encerramento das atividades e desapropriação dos campistas fixos

A Prefeitura de Salvador alega que a área é pública e tem sido utilizada para fins privados, como moradia de alguns campistas. Anteriormente, o órgão já havia tentado vender o imóvel, mas como não houve interessados na compra, no dia 1º de setembro de 2015 foi publicado o Decreto Municipal nº 26.407 no Diário Oficial do Município (DOM), que estabelece o encerramento das atividades do Camping Ecológico Praia de Itapuã (CEPI) – o que também leva à desocupação de seus campistas regulares em um prazo de 60 dias.

Criado em 1978 para atender a um plano de desenvolvimento do turismo baiano, o imóvel foi cedido por concessão para o Camping Clube do Brasil (CCB) por cerca de 20 anos. Após este período, segundo um dos campistas fixos, Yuri Dutra Cavalcante, de 33 anos, o Poder Público abandonou o local, que passou a ser administrado pela Associação dos Campistas do Salvador (ACS). A ACS é formada por 72 associados; são cerca de 20 famílias que residem no local e trabalham para manter viva e preservada a área, bem como a prática do turismo social em Salvador.

Apesar de o terreno pertencer à Prefeitura, é a ACS quem paga as contas de energia, água, funcionários e todos os impostos correlativos por meio de gestão autossustentável, desde 2004. A verba para manutenção é oriunda da diária paga pelos campistas que passam por lá e é reinvestida no camping.

Ainda segundo Cavalcante, que cresceu no local, “A luta da ACS é pela permanência da atividade do camping na capital, promovendo o turismo social, a integração entre culturas e o contato com a natureza, mantendo viva uma proposta diferente dentro de uma capital extremamente urbanizada”. Para ele, o baixo custo da estadia – R$ 20 por pessoa em qualquer época do ano – possibilita acesso a turistas de todo o mundo, a exemplo da Copa do Mundo de 2014. Ele afirma ainda que “Não importa se continuará a haver campistas fixos ou se será a ACS a administrar o camping. O que está em pauta é a manutenção da existência do camping na cidade do Salvador”.