Delegada não encontra elementos para indiciar Neymar por estupro

Advogado de Najila Trindade afirma que o processo foi concluído sem a anexação de todas as provas

30/07/2019 16:25

A delegada Juliana Lopes Bussacos, da 6ª Delegacia de Defesa da Mulher, em São Paulo, afirmou não ter encontrado elementos para indiciar Neymar na investigação de estupro envolvendo a modelo Najila Trindade. As investigações foram encerradas nesta segunda-feira e enviadas para o Ministério Público.

CASO NEYMAR: TUDO O QUE SE SABE SOBRE A ACUSAÇÃO DE ESTUPRO ATÉ AGORA

Delegada não encontra elementos na denúncia de NajIla Trindade para indiciar Neymar por estupro
Delegada não encontra elementos na denúncia de NajIla Trindade para indiciar Neymar por estupro - Reprodução/Instagram

“Ao longo da invesrtigação, a noticiante foi ouvida três vezes, o investigado foi ouvido uma vez e 12 testemunhas relacionadas ao fato. Foram juntadas aos autos do inquérito policial o laudo sexológico, o exame de corpo de delito indireto, a ficha de atendimento médico, a ficha do atendimento médico do ginecologista particular. Além do laudo do celular que a vítima nos entregou e o laudo do tablet entregue pelo ex-companheiro dela. Concluí a investigação ontem e deliberei por não indiciar o investigado por ausência de elementos suficientes para tanto”, disse Juliana, hoje, em entrevista coletiva.

A investigação contra Neymar foi concluída pela delegada Juliana antes mesmo de chegarem ao Brasil as imagens do hotel onde Najila e Neymar se encontraram, em Paris, em 14 de maio.

De acordo com Bussacos, as imagens do hotel em Paris, na França, não são “imprescindíveis” para a conclusão do inquérito policial.

“Na verdade, tinham coisas pendentes, como as fichas e imagens de Paris (onde o crime teria acontecido). Essas imagens não chegaram aos laudos do inquérito, mas, em razão de todo conjunto, verifiquei que não se tratava de uma prova imprescindível para a conclusão do inquérito policial”, afirmou a delegada.

O Ministério Público Estadual de São Paulo (MPSP), que também acompanha o caso, ainda não se manifestou. As promotoras do Grupo de Atuação Especial de Enfrentamento à Violência Doméstica do MPSP têm 15 dias para se manifestar.

O Ministério Público pode pedir o arquivamento do caso, inciar Neymar ou pedir novas apurações.

Outros inquéritos

Além do inquérito pela acusação de estupro, o caso ainda possui outras duas investigações a cabo da Polícia Civil.

Um, aberto pelos próprios delegados após Najila noticiar que sumiu de sua casa um tablet que conteria um vídeo de aproximadamente sete minutos, que evidenciaria Neymar agredindo a jovem.

Neste inquérito é investigado “todos os outros equipamentos que foram subtraídos no curso do inquérito”, disse a delegada responsável pelo caso, Monique Ferreira Lima, do 11º Distrito Policial da capital.

Segundo o diretor do Decap,este inquérito reunirá todos os elementos em relação à denúncia de estupro feita por Najila no inquérito que acaba de ser concluído.

O outro inquérito aberto se trata da denúncia de Neymar e seu pai de que houve denunciação caluniosa e extorsão por parte de Najila.

Nestes dois inquéritos em andamento será apurado se outros crimes foram cometidos ao longo do caso.

Reação

Cosme Araújo Santos, advogado da modelo Najila Trindade, questionou o inquérito ser concluído sem a anexação de provas como o vídeo de Neymar chegando ao hotel em que a cliente se hospedou em Paris.

“Se realmente é verdade, a defesa de Najila encara como um absurdo o que está vendo porque, de maneira inusitada tendo a delegada pedido prorrogação para concluir o inquérito policial, resolve [encerrar a investigação], sem as diligências citadas, a exemplo da ausência do vídeo que, segundo informações, estaria por vir de Paris”, disse.

Para Cosme Araújo as imagens das câmeras do hotel poderiam mostrar se Neymar se portava como alguém embriado, ou se discutiu com alguém no estabelecimento. Caso isto tenha acontecido, comprovaria parte da versão de Najila que declarou que o jogador estava alterado e agressivo. Por este motivo, Cosme afirmou que o “inquérito é inconclusivo”.

Ele também discordou da decisão da delegada de dar uma entrevista coletiva para falar do encerramento do inquérito. “”A defesa repudia uma entrevista de uma autoridade de um caso que já está sub judice, ou seja, já houve manifestação do juiz e poderá ter uma instrução criminal. A posição desta entrevista poderá ser influência negativa para vítima. Mais que isto, jogar a opinião pública mais uma vez contra a alegada vítima”.

Outro motivo para a reclamação de Cosme é o fato de o Ministério Público poder pedir novas investigações à Polícia Civil.

“Mesmo sem indiciamento do acusado, não pode a delegada dar entrevista em coletiva para toda a imprensa sob um inquérito policial sigiloso onde poderá ter novos desfechos e o Ministério Público pode pedir diligências”.