Dentro de hospital psiquiátrico, ‘Hotel da Loucura’ incentiva arte e reflexão

Ao invés de receber turistas, hotel promove atividades de luta antimanicomial

Por Redação
11/06/2013 17:13 / Atualizado em 04/05/2020 11:51

O Rio de Janeiro é sinônimo de belas praias e paisagens, um ponto turístico que recebe visitantes do mundo inteiro. Para recebê-los, a cidade tem hóteis de luxo, nos endereços mais disputados da cidade. Porém, um dos hóteis não quer agradar turistas, oferecer mordomia e não tem piscina ou vista para o mar: quer propor alternativas para o tratamento psiquiátrico.

A iniciativa surgiu no hospital psiquiátrico Instituto Nise de Silveira, no bairro do Engenho de Dentro, zona norte do Rio de Janeiro. O terceiro andar da instituição transformou-se no Hotel da Loucura.

Corredor do hotel tem frases e pinturas
Corredor do hotel tem frases e pinturas

O espaço estimula a convivência entre os pacientes do hospital com médicos, artistas, pesquisadores e realiza oficinas, palestras, espetáculos e reuniões, promovendo a reflexão sobre o tema da loucura.

Vitor Pordeus, coordenador do Núcleo de Cultura, Ciência e Saúde da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro é o idealizador do projeto. O Hotel da Loucura funciona desde julho de 2012, quando foi sede do 2º Congresso da UPAC ( Universidade Popular de Arte e Ciência).

Além da decoração nas paredes, com novas cortinas, desenhos e frases, o local tem nove quartos com beliches e colchões e espaço para reuniões, exibição de filme, cozinha, sala de meditação, jantar, ateliê e biblioteca.

O hotel vem recebendo hóspedes do próprio instituto, mas também recebe frequentadores provenientes dos Caps (Centros de Atenção Psicosocial), que substituíram os hospitais psiquiátricos nos anos 90.

O trabalho de Vitor Pordeus é inspirado na luta de Nise de Silveira, que revolucionou e é referência na Luta Antimanicomial  no Brasil. No mesmo hospital que abriga o Hotel da Loucura, ela criou, nos anos 40 e 50, ateliês de pintura e escultura, utilizando a criatividade e a expressão artística como tratamento aos pacientes. Na época, o procedimento era o confinamento e os eletrochoques.

Com informações da Revista Samuel.