Desde 2014, 17 capitais do país aumentaram a passagem de ônibus

Foto de Ruy Barros, enviada para o projeto Cansei de ser Sardinha

No final de 2014 e início de 2015, 17 capitais do país aumentaram a tarifa das passagens de ônibus municipais. O valor estava congelado desde os protestos de junho de 2013.

Apenas Brasília, Florianópolis, Fortaleza, Macapá, Manaus, Palmas, Porto Velho, Recife, Teresina e Vitória não sofreram reajuste na tarifa.

O Movimento Passe Livre (MPL), que organizou os protestos de 2013, já marcou uma agenda de mobilização contra o aumento.

Em São Paulo, aconteceu no dia 5, segunda-feira, uma aula pública em frente à Prefeitura de São Paulo para discutir o aumento e a questão do passe livre. (assista ao vídeo completo no final da página).

No decorrer da semana ocorrerão diversos protestos em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador e outras cidades.

São Paulo

Em São Paulo, a tarifa dos ônibus e veículos sobre trilhos passou de R$ 3,00 para R$ 3,50 reais.

A Prefeitura de São Paulo anunciou diversas medidas para compensar o aumento da tarifa. Entre elas, o passe escolar gratuito que beneficiará 505 mil estudantes (360 mil da rede pública e 145 mil de escolas particulares, que fazem parte de programas sociais, incluindo ensino superior).

Protesto do Movimento Passe Livre em 2013

O Governo do Estado enviou um projeto semelhante para a Assembleia Legislativa. O Objetivo é aprová-lo antes do início do ano letivo.

Os usuários do bilhete único semanal, mensal e diário também terão o valor das passagens inalterado.

O Bilhete Único mensal vale a pena para quem realiza a partir de 41 viagens ao mês. Já para o Bilhete Único Integrado o passageiro obtém vantagens a partir de 43 viagens por mês.

O congelamento não vale para o bilhete único comum e a integração entre ônibus, trem e metrô subiu de R$ 4,65 para R$ 5,45.

Lucro e escândalos

O Movimento Passe Livre publicou que o passe livre estudantil é uma conquista da luta do povo, mas está longe do fundamental. Em nota publicada na internet, o grupo defende que o aumento é uma escolha pública de exclusão e em favor do lucro: “Este aumento soa mais absurdo quando constatamos que uma auditoria acaba de provar que milhões foram desviados pelas empresas do transporte. Reduzir seu lucro exorbitante e cobrar o dinheiro roubado seria suficiente para manter o preço da tarifa ou até mesmo reduzi-la”.

Os estudantes também têm um limite de 44 viagens mensais, o que limitaria o transporte para lazer e outras tarefas.

Impacto na cidade

Segundo levantamento da Prefeitura, com o passe livre estudantil e para idosos aliado ao congelamento dos preços para usuários do bilhete único temporário, apenas 8% dos usuários de ônibus pagariam pelo reajuste.

Porém, os dados da SP Trans apontam que quase metade dos usuários de transporte coletivo (47%) sofreram com o reajuste. Dos 138,9 milhões de passageiros transportados em novembro de 2014, 66 milhões utilizam Bilhete Único Comum.
Apenas 4,3 milhões (3,1%) utilizaram o Bilhete Único Mensal, Semanal ou Diário. O valor desses bilhetes deve ser depositado integralmente e tem validade temporária.

O orçamento de 2015 da cidade de São Paulo prevê subsídio de 1,4 bilhão de reais para o transporte coletivo e teve custo total de R$ 6 bilhões. A Consultoria Ernst & Young apontou que esse valor pode ser reduzido em R$ 693 milhões ao adequar os custos em combustível, mão de obra e equipamento.

Rio de Janeiro

No Rio de Janeiro, o Ministério Público do Rio (MPRJ) entrou na justiça com o pedido de suspensão do aumento de tarifas da cidade, que subiram de R$ 3 e R$ 3,40. O MPRJ acredita que o aumento é abusivo e deveria ser de R$ 0,20 centavos – valor que leva em conta a inflação e contempla os custos das empresas.

Um relatório técnico do Tribunal de Contas do Município (TCM) publicado em fevereiro de 2014 apontou que o valor da tarifa deveria ser de R$ 2,50 e não indicava o aumento da tarifa da época, sugerido para R$ 2,75.

Com informações da Folha, G1 e Rede Brasil Atual.