Detentos cuidam de cães abandonados em projeto de ressocialização

Projeto ReabilitaCão aposta na empatia entre detentos e cães para promover ressocialização

28/12/2020 20:16 / Atualizado em 30/12/2020 12:12

Em um ano em que o mundo seu viu obrigado a reinventar suas ações, o que não faltou foram exemplos de boas ações.

Em Santa Catarina, por exemplo, a penitenciária de Itajaí virou notícia ao adotar um inovador programa de ressocialização dos detentos, que, entre as atividades diárias, passaram a cuidar de cães abandonados.

Assim surgiu o projetoReabilitacão, criado pela agente Bruna Logen. A ideia, além da ressocialização, lida com a questão dos maus-tratos contra animais.

Os animais são adotados por meio das parcerias com ONGs de Itajaí, que realizam feiras de adoção – Bruna R.W Logen/ Divulgação
Os animais são adotados por meio das parcerias com ONGs de Itajaí, que realizam feiras de adoção – Bruna R.W Logen/ Divulgação

Para dar vida ao projeto, os próprios detentos construíram o espaço de recreação, que reúne canil, gramado, brinquedos e uma piscina para os animais.

O espaço destinado ao ReabilitaCÃO tem capacidade para abrigar 10 animais, que são castrados, vacinados e recebem tratamento antes de chegar à penitenciária. Após o período de atendimento, os cães são destinados à adoção. Além disso, os participantes fazem um curso profissionalizante de banho e tosa.

Em menos de um ano, programa atendeu mais de 30 cães resgatados – Bruna R.W Logen/ Divulgação
Em menos de um ano, programa atendeu mais de 30 cães resgatados – Bruna R.W Logen/ Divulgação

Exemplo a ser seguido

A iniciativa logo ganhou repercussão em todo o Brasil. Unidades prisionais de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, inspiradas pela ideia, também manifestaram interesse em replicar a iniciativa. Em agosto deste ano, o projeto ganhou o prêmio Expressão de Ecologia 2020 na categoria “Bem-Estar Animal”.

Presos que apresentam bom comportamento, perfil para o projeto, traços depressivos e de ansiedade estão entre os selecionados – Tribunal de Justiça de Santa Catarina/Divulgação
Presos que apresentam bom comportamento, perfil para o projeto, traços depressivos e de ansiedade estão entre os selecionados – Tribunal de Justiça de Santa Catarina/Divulgação

A juíza Cláudia Ribas Marinho destacou os benefícios do projeto, que, segundo ela, podem ser percebidos no comportamento dos presos. “O projeto é inovador e encantador pois proporciona inúmeros benefícios ao apenado através da interação entre o homem e o cão, desenvolvendo autoestima, confiança e reconhecimento de suas emoções, e estimulando a socialização ao proporcionar a reinserção no mercado de trabalho”