Dia Nacional de Combate ao Trabalho Infantil relembra morte de Marielma, assassinada aos 11 anos

Você se lembra de Marielma de Jesus Sampaio ? Estuprada, torturada e morta aos 11 anos, seu assassinato motivou a criação do Dia Nacional de Combate ao Trabalho Infantil

“Casal evangélico precisa adotar uma menina de 12 a 18 anos que resida, para cuidar de um bebê de um 1 ano que possa morar e estudar. Ele empresário e ela também empresária. Apresentar-se com os pais ou responsável no Cond. Viver Castanheira…”. O anúncio divulgado em um jornal paraense, em maio de 2015, ajuda a retratar o cenário brasileiro do trabalho escravo infantil ainda tão presente em todo o mundo.

No próximo domingo, 12 de junho, é celebrado o Dia Nacional de Combate ao Trabalho Infantil. A data, também lembrada mundialmente, expõe uma mazela que atinge, aproximadamente, 168 milhões de crianças em todo planeta.

No Brasil, o crime ganhou atenção após a morte de Marielma de Jesus Sampaio, de 11 anos, assassinada pelos patrões em Belém (PA). Torturada, estuprada antes de ser morta, sua história se tornou um símbolo da luta contra o trabalho infantil no Brasil.

À época, a menina foi entregue pela mãe, que trabalhava como agricultora em uma cidade do litoral do estado. A menina foi então trabalhar na casa de Ronivaldo Guimarães Furtado e Roberta Sandrelli Rolim, na capital paraense.  A morte de Marielma reacendeu o debate sobre trabalho escravo infantil e, com a repercussão do crime, estimulou a criação do Dia Nacional de Combate ao Trabalho Infantil, assinada no dia 12 de junho de 2007 – dois anos após a morte de Marielma. De lá pra cá o que mudou no Brasil?

Segundo pesquisas recentes, o Brasil foi o país que mais reduziu o trabalho infantil em todo o mundo. “Entre 2001 e 2013, saída de crianças e adolescentes atingiu 58,1% enquanto média mundial foi de 36% no mesmo período”, aponta reportagem divulgada pelo Portal Brasil em junho do ano passado.

Trabalho infantil nos últimos anos

Entre avanços e retrocessos, estudos atuais mostram que, apesar dos esforços, ainda há muito trabalho a ser feito. Segundo a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), de 2013 para 2014, o trabalho de pessoas de 5 a 17 anos cresceu 4,5%: mais de 143,5 mil crianças e adolescentes ocupados.

Ainda segundo a Pnad, 3,3 milhões de crianças e adolescentes de 5 a 17 anos trabalhavam em 2014, 8,1% do total dessa faixa etária. Em 2013 eram 3,2 milhões, ou 7,5%. Na faixa etária de 5 a 13 anos, o trabalho infantil propriamente dito, o aumento foi de 9,3%, 506 mil em 2013 para 554 mil em 2014.

O trabalho infantil doméstico também caiu nos últimos anos. Segundo a Pnad, havia 174,8 mil trabalhadores domésticos de 10 a 14 anos no Brasil em 2014; eram 213,6 mil em 2013, 326 mil em 2008 e 406 mil em 2004.

De novo, de 2013 a 2014 houve crescimento do trabalho doméstico na faixa de 10 a 14 anos, que subiu de 50 mil para 52 mil. Esse dado não inclui, porém, os trabalhadores infantis de 5 a 9 anos. Segundo o IBGE, em 2014 ainda havia 69 mil crianças dessa faixa de idade trabalhando, a maioria na área rural. (com informações do portal Terra)