Dimenstein: a foto de Bolsonaro que provocou uma aula de ódio

 

Essa foto acabou de Viviane Senna, criadora do Instituto Ayrton Senna, ao lado de Jair Bolsonaro provocou uma aula de ódio e deseducação nas redes sociais.
Ela foi acompanhada na minha página do Facebook com meu comentário crítico:
“Educadores deveriam ter a maior cautela ao associar sua imagem a um político que não acredita na democracia, defende a tortura, tem ojeriza à diversidade, cultiva o ódio e propaga o armamento da população. É um péssimo exemplo de educação para a cidadania”.
Foi o suficiente para virar uma guerra de ódios, ofensas e baixarias nas redes sociais com milhares de comentários.
Na guerra da deseducação, boa parte dos ataques consideraram meu comentário a favor da “esquerda” e do PT. Assim vivemos hoje: não se discute o argumento, mas o argumentador. Não quero que ninguém apoie o PT – e ser crítico de Bolsonaro não é necessariamente ser de esquerda ou gostar de Lula. Não gosto de Lula nem do PT.
A resposta ( educada, diga-se) do Instituto Ayton Senna sobre o gesto de sua fundadora: “Assim como sempre fez nesses casos, se colocou à disposição para contribuir com o tema, assim como faria com qualquer outro partido ou candidato. A organização reforça seu caráter apartidário — portanto, não apoia nenhum partido ou candidato.””
Para começo de conversa, sou um admirador de Viviane Senna por seu extraordinário trabalho pela educação; seu instituto tem realizado um trabalho de ponta e consistente.
Até mesmo ajudei voluntariamente o Instituto Ayrton Senna participando do conselho – o que muito me honrou.
Sou favorável que os educadores compartilhem seus conhecimentos com diferentes governos para que ajudem políticas públicas. Portanto, está certa Viviane em se dispor a ajudar o futuro governo.
É preciso, porém, ser muito ingênuo para não perceber que visitar um candidato numa reta final de campanha, dispondo-se a sair numa foto, não seria usado como material de campanha.
Nessa altura, é um endosso complexo. Nenhum educador que preze a cidadania e o empoderamento consegue aceitar o autoritarismo e falta de tolerância.
A vida de Bolsonaro foi movida a esse binômio: autoritarismo e falta de tolerância. O que é, na minha visão, a negação da educação que desenvolve todas as dimensões de um indivíduo.
O efeito colateral foi que o gesto ficou parecendo muito mais uma jogada político-eleitoral do que um debate sobre educação.
Até porque na foto está a deputada eleita Joice Hasselman que tem sonha em exercer influência na Câmara dos Deputados, liderando a bancada de Bolsonaro.