Dimenstein: já sei como votar no 2º turno. Mas com muitas dúvidas
Não acredito em dar cargos de alta responsabilidade para quem nunca estudou
Sou a favor da economia de mercado – ou seja, do capitalismo.
É uma opção tomada por exclusão, baseada em fatos e números. As economias socialistas não funcionam: geram mais pobreza do que riqueza.
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Até me espanto como alguém seriamente ainda consiga acreditar na eficiência das economias estatais. Parece até aquela definição de Einstein sobre insanidade: repetir indefinidamente o mesmo erro para ver se em algum momento vira acerto. Fico ainda mais espantado ao notar que existe gente que defende a Venezuela – uma tragédia econômica, política e e social.
O socialismo com forte poder de intervenção estatal está associado ao autoritarismo.
Também não gosto de empresas estatais: tendem a ser menos eficientes e mais corruptas. Petrobras é apenas o exemplo mais eloquente.
Defendo ideias antipáticas para a esquerda, como: 1) fim da estabilidade no funcionalismo, que impede as demissões; 2) fim da universidade gratuita _ bolsas devem ser dadas aos mais pobres; 3) disciplina fiscal, sem a qual não há crescimento sustentável; 4) contra o corporativismo.
Estou convencido de que o crescimento sustentável ocorre em algumas circunstâncias: 1) estímulo para empreender; 2) instituições estáveis; 3) apoio à inovação; 4) boa formação educacional.
Mas também estou convencido de que a economia de mercado gera distorções. Portanto, o Estado deve investir pesado em educação, cultura e saúde, além de oferecer uma rede de assistência social aos mais pobres.
Por isso sempre defendi e continuo defendendo que um dos grandes estadistas da história do Brasil se chama Fernando Henrique Cardoso, tão atacado pelo PT, mas agora cobiçado. Referências de políticos para mim são Konrad Adenauer, Winston Churchill, Obama e Mandela.
Daí se vê que nada ou quase nada tenho a ver com o PT, que considero um partido responsável pela recessão monumental em que estamos metidos e pela convivência tenebrosa com a corrupção.
Fui daqueles que apoiaram o impeachment de Dilma, mas não para colocar o MDB no poder. Eu defendia eleições diretas. Daí que, para mim, falar que eleição sem Lula é uma fraude não passa de uma fraude.
Neste ano, o PT, comandado por Lula e com a candidatura de Haddad, me coloca poucas opções.
Sinceramente tenho mais afinidade com algumas das propostas liberais do Paulo Guedes do que com os projetos de intervenção do PT. Possivelmente, o melhor estaria no meio do caminho – o que se convencionou chamar de “social-democracia”.
O problema é que Jair Bolsonaro me provoca ojeriza. Ele é ignorante, despreparado e violento. Desculpe se vai parecer esnobismo (e sei que vai): fui acadêmico-visitante da Universidade Columbia, em Nova York, e desenvolvi por dois anos projetos de empreendedorismo social em Harvard, considerada uma das melhores universidades do mundo.
Não acredito em dar cargos de alta responsabilidade para quem nunca estudou. Assim como não vou a curandeiro para tratar minha saúde. Só vou em médico com doutorado e que frequenta congressos todos os anos.
Tenho sérias desconfianças de que Bolsonaro, caso não consiga resultados econômicos, ficará tentado a demonizar a democracia.
Eu teria como opção votar nulo ou branco: afinal, não acredito nem no PT, muito menos em Bolsonaro.
Não sou de me abster – embora respeite quem vota nulo ou branco.
Sobrou apenas um quesito: comparar as biografias de Bolsonaro e Haddad.
No aspecto comparação de biografias, Haddad ganha sem maiores dificuldades: tem experiência administrativa, estudou nas melhores escolas e sempre foi aberto ao diálogo. Embora não seja um grande consolo.
Tenho dúvidas – muitas dúvidas – de que Haddad não será engolido pelo máquina do PT, retomando bobagens econômicas. Não sei até onde Lula vai ter o poder nas mãos. Sinceramente acho humilhante seu papel de ir à cadeia ouvir ordens de Lula, o que o fez parecer um subalterno, não um presidenciável.
Como não vou anular meu voto, não posso apoiar um político violento como Bolsonaro e não tenho outra opção, só me restou dizer que, entre o ruim e o menos ruim, voto no menos ruim.
Mas com zero entusiasmo, apenas medo.