Diretora pede ‘chicote do bom’ para bater em professora negra
"Se vocês forem à Ouro Branco… Eu gostaria que vocês trouxessem um chicote ´do bom´, porque eu queria dar uma chicotada nela”, disse a diretora
Uma professora de um colégio particular de Maceió (AL) alega ter sido vítima de racismo pela diretora e dona da instituição. As informações são do Universa, do UOL.
Taynara Cristina Silva diz ter sofrido a agressão enquanto dava aula para alunos do 3º ano do ensino médio do Colégio Agnes, na capital alagoana, na manhã da última terça-feira, 5, dia de seu aniversário de 25 anos.
Segundo a docente, Suely Dias chegou até a sala de aula dizendo que ela era culpada pelo filho, que trabalha na administração da escola, ter batido o carro por conversar com ele pelo celular.
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Uma aluna chegou a retrucar dizendo que ele é que estava errado por usar o telefone dirigindo. Foi então que a diretora respondeu: “A Taynara é muito ousada. Quando vocês forem a Ouro Branco (cidade no sertão de Alagoas), onde tem o melhor couro, compre um chicote do bom para eu dar uma chicotada nela para que ela relembre do tempo que ela pretende voltar”, disse.
Em entrevista ao UOL, Taynara contou que fez um Boletim de Ocorrência denunciando o caso de racismo à polícia. O Sindicato dos Professores de Alagoas também prestou queixa alegando injúria racial.
Taynara disse que depois da repercussão da fala de cunho racista, a diretora tentou contornar a situação e pediu desculpas pela fala.
Diversos alunos e ex-alunos protestaram em frente à escola e a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) considerou o ato como injúria racial. Em entrevista à “TV Gazeta”, o diretor da escola Matheus Oliveira disse que o colégio repudia “qualquer tipo de preconceito racial, de classe e orientação sexual” e que vai apurar o caso.
Racismo: saiba como denunciar
Racismo é crime previsto pela Lei 7.716/89 e deve sempre ser denunciado, mas muitas vezes não sabemos o que fazer diante de uma situação como essa, nem como denunciar, e o caso acaba passando batido.
Para começar, é preciso entender que a legislação define como crime a discriminação pela raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional, prevendo punição de 1 a 5 anos de prisão e multa aos infratores.
A denúncia pode ser feita tanto pela internet, quanto em delegacias comuns e nas que prestam serviços direcionados a crimes raciais, como as Delegacias de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), que funcionam em São Paulo e no Rio de Janeiro.
No Brasil, há uma diferença quando o racismo é direcionado a uma pessoa e quando é contra um grupo. Saiba mais como denunciar e o que fazer em caso de racismo e preconceito.