Documentário retrata candidatas que preservam legado de Marielle

Em campanha por financiamento, "Sementes" narra o dia a dia de seis mulheres negras na disputa por representatividade no legislativo

Jaqueline de Jesus, Mônica Francisco, Renata Souza, Rose Cipriano, Tainá de Paula e Talíria Petrone. Estas seis mulheres negras lançaram suas candidaturas buscando preservar e expandir o legado da vereadora Marielle Franco, assassinada há pouco mais de um ano no Rio de Janeiro.

Inspiradas pelas bandeiras e pela luta da parlamentar, as candidatas mostraram suas trajetórias na corrida eleitoral de 2018 para o documentário “Sementes”, produzido pela Noix Cultura, e que está em campanha de financiamento coletivo na plataforma Benfeitoria. Confira o trailer:

“Elas se tornaram os rostos da resistência política no atual cenário, que é árido em diversidade. A presença dessas mulheres e suas lutas no legislativo se mostra cada vez mais importante nesse atual momento que vivemos. Elas defendem o direito à educação pública de qualidade, os direitos da população LGBT, o cumprimento básico dos direitos humanos garantidos pela constituição, e tudo isso sempre muito ligado, como fazia Marielle, à questão da negritude no país”, afirmam as diretoras do filme, Júlia Mariano e Éthel Oliveira.

Representatividade ainda é pequena

O legado político de Marielle inspirou muitas candidaturas femininas nas eleições de 2018. Segundo os dados do Congresso em Foco, o Rio de Janeiro foi o estado que mais teve candidaturas de mulheres negras nas últimas eleições: 237 se candidataram e seis foram eleitas, um aumento de 151% em relação aos dados das eleições de 2014.

Mas a sub-representação feminina – e negra – ainda é um grave problema: no Brasil, menos de 10% das cadeiras existentes na Câmara dos Deputados são ocupadas por mulheres e no caso de mulheres negras este número é ainda menor. O país é o 155º lugar (o menor da América do Sul) no mundo em participação feminina no Poder Legislativo, segundo lista atualizada em Junho de 2018 da União Parlamentar (UIP).

“Nossa equipe é 100% composta por mulheres e 50% delas negras, a paridade na equipe é uma questão fundamental para nós do Sementes. Outra questão muito importante para nós é o alcance do filme para além do circuito comercial e tradicional do cinema. Estamos trabalhando para levar o filme para escolas públicas, institutos federais, coletivos de jovens negras, associação de moradores, bibliotecas populares, etc, ou seja, fazer o cinema chegar onde normalmente não chega! Nosso objetivo primordial com o Sementes é aproximar o filme do nosso público alvo: jovens e mulheres negras que vivem nas periferias e favelas”, acrescenta Júlia Mariano.

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Entrevista com Monica Benicio: um ano de luta por Marielle

Monica Benicio não consegue se lembrar de quem era antes da noite do 14 de março de 2018. Naquele dia, esperava sua esposa, a vereadora Marielle Franco, em casa para jantar quando recebeu a notícia de que ela havia sido brutalmente assassinada no Estácio, região central do Rio de Janeiro.

Desde o crime, a ativista por direitos humanos abandonou praticamente todos seus projetos pessoais para se dedicar a um objetivo: cobrar justiça nas investigações sobre o crime. Monica conversou com a Catraca Livre pouco mais de 10 meses após o assassinato para falar sobre o andamento das investigações e o legado de luta deixado por Marielle. Assista ao vídeo: