“É nosso direito”, diz criador de petição por cinemas acessíveis
O abaixo-assinado pede que a ANCINE pare de adiar a vigência da norma que determina que todos os cinemas brasileiros devem ser adaptados
Ir ao cinema é uma opção muito comum (e apreciada) de lazer. Porém, não é todo mundo que consegue usufruir deste entretenimento: os cinemas do país ainda não estão adaptados com todos os recursos para receber pessoas com deficiência, como a audiodescrição e intérpretes em libras.
Já existe dentro da lei uma instrução normativa, aprovada desde 2016, que determina que todos os cinemas brasileiros devem oferecer estes recursos em todas suas sessões. O problema é que isso não está sendo colocado em prática, já que a obrigatoriedade dos conteúdos acessíveis tem sido adiada ano após ano pela ANCINE (Agência Nacional do Cinema).
Pensando em lutar por esse direito foi que Edgar Jacques, ator e consultor em audiodescrição, criou um abaixo-assinado na Change.org pedindo que a ANCINE pare de adiar a vigência da norma. “Mais de 16 milhões de pessoas cegas e surdas estão sendo prejudicadas e excluídas deste direito previsto em lei”, escreve Edgar no texto da petição.
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O abaixo-assinado já está quase chegando às 230 mil assinaturas e continua crescendo. Leia mais em: www.change.org/CinemaAcessivel
Edgar, que é deficiente visual, acredita que com a repercussão da petição a ANCINE, assim como os produtores e proprietários de cinemas pelo Brasil, podem perceber que estão prejudicando um público potencialmente consumidor. “As pessoas que produzem e distribuem filmes estão um pouco resistentes a esse mercado exatamente por não o conhecerem adequadamente. Mas nós existimos e vamos consumir com essa acessibilidade”, diz Edgar. “Temos o direito de acessar qualquer evento cultural em condições proporcionais às de quaisquer outras pessoas que não tenham deficiência”, acrescenta.
Além de prejudicar o público, de acordo com Edgar, adiar o funcionamento da lei pode atrapalhar o negócio do cinema em si. “Precisamos começar o processo de adaptação para que ele se adeque e comece a funcionar com competência quando for obrigatório, para que os cinemas já estejam acostumados e as tecnologias já tenham sido testadas. Assim tudo fluirá com mais naturalidade”, declarou o consultor.