Efeito Bolsonaro: quanto mais bolsonarista a cidade, mais casos de covid-19

Estudo inédito da UFRJ mostra a relação entre a expansão da pandemia do novo coronavírus e o bolsonarismo nas cidades brasileiras

13/10/2020 09:47

Um estudo inédito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), realizado em parceria com o Instituto Francês de Pesquisa e Desenvolvimento (IRD) mostra o que eles chamam de “Efeito Bolsonaro“: quanto mais bolsonarista uma cidade, pior o número de casos confirmados de pessoas infectadas com a covid-19.

A pesquisa fez um cruzamento entre o resultado na votação em primeiro turno nas eleições presidenciais de 2018 nos 5.570 municípios brasileiros, e a expansão da pandemia do novo coronavírus. O resultado mostra que há uma relação direta entre a preferência pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o agravamento da pandemia.

De acordo com a pesquisa, para cada 10 pontos percentuais a mais de votos para Bolsonaro há um acréscimo de 11% no número de casos e de 12% no número de mortos.

Bolsonaro causou aglomerações em praia do litoral paulista
Bolsonaro causou aglomerações em praia do litoral paulista - reprodução/Instagram

“O estudo mostrou que a Covid-19 causa mais estragos nos municípios mais favoráveis ao presidente Bolsonaro”, destaca o texto da pesquisa.

“Podemos pensar que o discurso ambíguo do presidente induz seus partidários a adotarem com mais frequência comportamentos de risco (menos respeito às instruções de confinamento e uso da máscara) e a sofrer as consequências.”, diz o texto.

Os pesquisadores responsáveis pelo levantamento ainda analisam que esse foi o efeito que mais chamou a atenção, pois, em princípio, não haveria razão para explicar o motivo de cidades que votaram mais em Bolsonaro terem proporcionalmente mais mortes do que nos outros locais estudados.

À Folha de S. Paulo, o professor João Luiz Maurity Sabóia, outro pesquisador envolvido no estudo, diz: “A argumentação que usamos no nosso artigo é que provavelmente trata-se de um efeito da própria postura do presidente, que minimizou o uso de máscara e a doença, chamando-a de gripezinha”.