Em reunião, presidente da Fundação Palmares chama movimento negro de ‘escória maldita’

Sérgio Camargo ainda prometeu demitir diretores da autarquia que não tiverem como “meta” a demissão de um “esquerdista”

03/06/2020 09:29

O presidente da Fundação Cultural Palmares, o jornalista Sérgio Camargo, voltou a desqualificar o movimento negro no Brasil. Em uma reunião no final de abril, ele classificou o movimento como “escória maldita”, que abriga “vagabundos”. O áudio da reunião foi divulgado pelo jornal O Estado de S.Paulo ontem.

Na gravação, Sérgio Camargo ainda chamou Zumbi dos Palmares, símbolo da resistência negra no Brasil escravocrata, de “filho da puta que escravizava pretos”, criticou o Dia da Consciência Negra, falou em demitir “esquerdista” da autarquia e usou o termo “macumbeira” para se referir a uma mãe de santo.

 Presidente da Fundação Palmares chama o movimento negro de ‘escória maldita’
 Presidente da Fundação Palmares chama o movimento negro de ‘escória maldita’ - Reprodução/Facebook

As afirmações foram feitas durante reunião com dois servidores da Fundação Cultural Palmares, no dia 30 de abril.

A gravação foi encaminhada à Procuradoria da República no Distrito Federal, juntamente com um pedido para que Sérgio Camargo responda na Justiça por improbidade administrativa.

Segundo a reportagem do Estado, a reunião teria sido convocada para tratar do desaparecimento do celular corporativo de Camargo. Ao ser questionado sobre o assunto, o presidente da fundação fica nervoso e afirma que o aparelho sumiu por decisão judicial.

“Esses filhos da puta da esquerda não admitem negros de direita. Vou colocar meta aqui para todos os diretores, cada um entregar um esquerdista. Quem não entregar esquerdista vai sair. É o mínimo que vocês têm que fazer”, disse em um trecho da gravação.


Racismo: saiba como denunciar e o que fazer em caso de preconceito

Como denunciar pela internet

Para denunciar casos de racismo em páginas da internet ou em redes sociais, o usuário deve acessar o portal da Safernet e escolher o motivo da denúncia.

Além disso, é necessário enviar o link do site em que o crime foi cometido e fazer um comentário sobre o pedido. Após esses passos, será gerado um número de protocolo, que o usuário deve usar para acompanhar o processo.

Se atente em unir provas! O primeiro passo é tirar prints da tela para que você possa comprovar o crime e ter como denunciar. Depois, denuncie o usuário pelo serviço de denúncias da rede social em que ocorreu o ato.

Disque 100 

O Disque 100 é serviço do Governo Federal para receber denúncias de violações de direitos humanos.

Desde 2015, o serviço conta com dois módulos novos: um que recebe denúncias de violações contra a juventude negra, mulher ou população negra em geral e outro específico para receber denúncias de violações contra comunidades quilombolas, de terreiros, ciganas e religiões de matriz africana.

O serviço também aceita denúncias online de discriminação ocorrida em material escrito, imagens ou qualquer outro tipo de representação de idéias ou teorias racistas disseminadas pela internet.

Delegacias

A denúncia contra crime de racismo pode ser feita em delegacias comuns e naquelas especializadas em crimes raciais e delitos de intolerância. Em São Paulo e no Rio de Janeiro, as Delegacias de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) cumprem essa função.

Atualmente, o Decradi está vinculado ao Departamento Estadual de Homicídio e Proteção a Pessoa (DHPP), em São Paulo, e ao Departamento Geral de Polícia Especializada da Polícia Civil, além de estar inserida no programa Delegacia Legal, no Rio.

Em outros estados, existem delegacias especializadas em crimes cometidos em meio eletrônico, que podem ser acionadas em situações de injúria racial virtual.

Saiba mais aqui.