Em sincronia
Imagens, sons e interações ao vivo contam as histórias dos muitos “silverinos” que vivem na cidade de São Paulo e dos movimentos migratórios comuns no país. Baseado no poema Morte e Vida Severina, de João Cabral de Mello Neto, o coletivo Embolex apresenta, no CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil), o projeto audiovisual “Outros Silverinos Remix”. A apresentação desloca o tema da obra para a realidade de uma São Paulo atual e mostra um “silverino” que tem o que quer materialmente, mas que no fundo se sente um excluído.
Enquanto as imagens – ora captadas pelo grupo, ora coladas da internet – dialogam com o poema de João Cabral de Melo Neto, samplers sonoros e rimas feitas por Mc Gaspar complementam as experimentações artísticas do Embolex.
O grupo foi um dos pioneiros no Brasil a fazer projeções usando as mídias de áudio e vídeo como instrumentos de manipulação. E a cada novo projeto, o Coletivo foca um tema diferente, “nem sempre discutimos um texto social como foi nesse caso, a idéia principal é projetar a tecnologia como arte”, explica Lucas.
Além do Embolex, que começou com a realização de uma despretensiosa festa que utilizava a sincronia de música e imagens para divertir, os integrantes têm atividades paralelas para manter o Coletivo vivo. Lucas Bambozzi é professor do SENAC, Fernão Ciampa ministra aulas na Anhembi Morumbi, Mc Gaspar faz parte do grupo Záfrica Brasil, Sylvio Ekman vive de arquitetura e Érico Theobaldo é músico. Cristin Bueno e Pedro Angeli também integram o Coletivo. O importante é continuar abrindo caminhos para que as produções artísticas que privilegiam elementos nacionais tenham seu espaço garantido por aqui.
Marina Mantovanini
Especial para o Catraca Livre