Em vídeo, ministro da Educação minimiza feminicídio: ‘Paixão’

Milton Ribeiro atribui o assassinato de uma adolescente a uma 'confusão' de um homem apaixonado

No programa “Ação e Reação”, de 2013, o professor e pastor Milton Ribeiro, atual ministro da Educação, minimizou o feminicídio de uma jovem de 17 anos, ao comentar que o crime foi resultado de uma “confusão” entre amor e paixão.

Filhos ‘devem sentir dor’ para aprender, diz novo ministro da Educação
Créditos: Isac Nóbrega/Presidência da República
Filhos ‘devem sentir dor’ para aprender, diz novo ministro da Educação

O vídeo pode ser encontrado nas redes sociais. Veja:

“Naturalmente movido por paixão, paixão é louca mesmo, ele então entrou, cometeu esse ato louco, marcando a vida dele, marcando a vida de toda família”, afirmou Ribeiro.

Agressão a crianças e ministro da Educação

Essa não é a primeira polêmica que surge envolvendo o nome do novo chefe do Ministério da Educação. Em outro vídeo, ele defende punições físicas a crianças. o pastor evangélico argumenta que os pais devem aplicar castigos físicos como forma de educar e obter a “correção necessária para a cura”.

Pastor Milton Ribeiro será o novo ministro da Educação
Créditos: reprodução/Facebook
Pastor Milton Ribeiro será o novo ministro da Educação

“Talvez algumas mães até fiquem com raiva de mim, mas (a criança) deve sentir dor”, diz o novo ministro no vídeo. Para rebater possíveis criticas quanto ao seu método, Milton ainda diz: “Eu amo as crianças da minha igreja”.

Para o ministro da Educação, a “correção dos filhos não ocorrerá por meios justos e métodos suaves”. Para ele, esse tipo de abordagem surtiria efeito apenas em crianças mais desenvolvidas, ou superdotadas.

“A correção necessária para a cura não vai ser obtida por meios justos e métodos suaves. Talvez uma porcentagem muito pequena de crianças precoces, superdotadas é que vai entender o seu argumento. Deve haver rigor, desculpe, severidade”, apontou Milton Ribeiro.

As declarações do novo ministro da educação vão contra a lei. No Brasil, vigora desde 2015 a “Lei da Palmada” (nº 13.010) que mudou o Estatuto da Criança e do Adolescente (lei 8.069/90) e o Código Civil Brasileiro (lei 10.406/02) “para estabelecer o direito da criança e do adolescente de serem educados e cuidados sem o uso de castigos físicos ou de tratamento cruel ou degradante”.

Segundo o currículo acadêmico na plataforma Lattes, Milton Ribeiro é graduado em Teologia e Direito, fez mestrado em Direito e doutorado em Educação — essa última formação pela Universidade de São Paulo, em 2006.

O que é feminicídio

Feminicídio é o homicídio de mulheres como crime hediondo quando envolve menosprezo ou discriminação à condição de mulher e violência doméstica e familiar. A lei define feminicídio como “o assassinato de uma mulher cometido por razões da condição de sexo feminino”, e a pena prevista para o homicídio qualificado é de reclusão de 12 a 30 anos.

Na maioria das vezes, a violência é praticada por familiares, sendo parceiros ou ex-parceiros os mais frequentes. As mulheres negras são as mais afetadas, principalmente, por conta da vulnerabilidade social.

Está em vigor desde 2015 uma lei que considera o feminicídio crime hediondo com pena de 12 a 30 anos de prisão.