Ensaio com modelos nus reacende debate sobre preconceito: ‘Ninguém pega HIV abraçando’

Que abraço te dá sorte? E que cor ele irradia? A partir dessas duas perguntas, foram selecionados os 60 modelos que participam do Projeto Boa Sorte: Um ensaio.

Idealizado pelo ator e ativista Gabriel Estrëla, em parceria com a Fábrica de Teatro e o fotógrafo Daniel Fama, o ensaio é parte do Projeto Boa Sorte, que ajuda a difundir informações sobre HIV/Aids, e reacende a discussão sobre o preconceito.

 
Créditos: Daniel Fama
 

“Há quem pense que o corpo da pessoa vivendo com o vírus é esquelético, cheio de manchas e que não deve ser tocado, não merece afeto, carinho”, ressalta Gabriel em entrevista ao Catraca Livre. “O ensaio nu questiona justamente esse estigma que já passou da hora de se dissipar.”

No ensaio, metade dos modelos escolhidos são pessoas que convivem com HIV, mas essa informação ficou restrita apenas ao Projeto Boa Sorte em respeito ao sigilo dos portadores do vírus. “A grande questão é que não dá pra saber, olhando as fotos, quem é quem. Não tem essa de ‘o corpo da pessoa com HIV’ mais. E mesmo não sabendo, todos se abraçam com muito carinho – porque realmente não importa, ninguém pega HIV abraçando (mesmo pelado!)”, conta o idealizador do projeto.

 
Créditos: Daniel Fama
 

As imagens repercutiram em diversos veículos da mídia nacional e internacional. Para Gabriel, o resultado não poderia ter sido melhor já que alavancou o Projeto Boa Sorte, levando informações sobre o vírus a todos os públicos e reacendendo o debate sobre o preconceito.

Mas há ainda quem critique iniciativas como essa. “Há, claro, também a repercussão negativa, críticas ao trabalho com o nu e até acusações de que queremos acabar com a família – o que também é muito importante para revelar o quão bruto tem sido o avanço do conservadorismo nos últimos anos”, destaca o ator, lembrando que o trabalho não é LGBT e que o HIV não é exclusivo dessa população.

“Essa repercussão ruim também nos dá forças para continuar criando mais e mais material para chegar a cada vez mais pessoas, inclusive estas que praticam a discriminação e são muito vulneráveis por acharem que não podem passar por uma situação de risco. Se não acabarmos com a discriminação, não acabaremos com a epidemia de HIV”,  finaliza Gabriel.

Veja abaixo as fotos do ensaio:

 
Créditos: Daniel Fama
 
 
Créditos: Daniel Fama
 
 
Créditos: Daniel Fama
 
 
Créditos: Daniel Fama
 
 
Créditos: Daniel Fama
 
 
Créditos: Daniel Fama
 
 
Créditos: Daniel Fama
 
 
Créditos: Daniel Fama
 
 
Créditos: Daniel Fama
 
 
Créditos: Daniel Fama
 
 
Créditos: Daniel Fama