Entenda a polêmica sobre as mudanças de linhas de ônibus em SP

Prefeitura afirma que nenhum passageiro vai ficar sem ônibus; confira plataforma que indica quais ônibus podem deixar de circular

Muitas mudanças têm sido anunciadas (oficial e extraoficialmente) na malha viária da cidade de São Paulo, e o prazo da consulta pública que ouviu a opinião dos passageiros que dependem do meio de transporte na maior cidade do país terminou nesta segunda (5).

Ainda que a Secretaria Municipal de Transportes rejeite as supostas informações sobre as alterações nas linhas – indicadas na semana passada pelo Movimento Passe Livre (MPL) – e garanta que “nenhum passageiro vai ficar sem ônibus na cidade de São Paulo o fato é que nova regra de licitação dos ônibus mudará a rotina do paulistano.

Posto isso, cabe a dúvida: mudará para melhor ou pior? Como as novidades impactarão o dia a dia dos usuários – sobretudo aqueles que residem nas regiões mais distantes da cidade?

Segundo informações divulgadas pela Rede Nossa São Paulo, cerca de 936 ônibus serão retirados de circulação com a nova licitação.

O que, por outro lado, garante a prefeitura, não deve aumentar o tempo das viagens – “Já que haverá menos interferência de veículos menores nas grandes avenidas e, com isso, os ônibus grandes ganharão velocidade”.

Com o novo plano, a gestão Doria apostará num modelo dividido por três sistemas:

intrabairro: composto por vans e ônibus pequenos que ligarão bairros residenciais a áreas mais densas

regional: com coletivos médios que partem destas regiões até os corredores

estrutural: com veículos articulados que farão o trajeto até o centro e grandes vias

Com as novidades anunciadas pela prefeitura, esta será a primeira renovação na rede de ônibus paulistana em 16 anos, desde a implantação do sistema organizado pela gestão de Marta Suplicy.

Em suma, espera-se que os atuais 14,4 mil ônibus sejam reduzidos para 13,6 mil – com aumento de micro-ônibus nos bairros e dos carros maiores, biarticulados, nos corredores, com uma redução dos ônibus médios.

A prefeitura reconhece que o número de baldeações entre os usuários das regiões mais distantes aumentará substancialmente – a exemplo dos moradores da região metropolitana de São Paulo, que hoje, em muitos casos, dependem de ao menos três conduções para chegar à capital paulista. Apesar disso, a atual gestão justifica que a capacidade de transporte vai aumentar em 20%.

Ferramentas ajudam a entender as alterações na cidade: 

Desde que surgiram as primeiras informações referentes ao novo plano viário planejado para a cidade, inúmeras ferramentas informativas foram criadas na internet nos últimos dias.

Entre as opções, destacam-se o site Meu Busão, que criou a campanha #NãoCorteMeuBusão para indicar quais linhas podem ser extintas com a nova licitação de transporte público.

Além disso, um documento interativo divulgado no Google Maps detalha as linhas que podem sofrer alteração, ou desaparecer, de acordo com as medidas que serão adotadas pela Secretaria Municipal de Transportes.

Mapa baseado na informações fornecidas pela Prefeitura de São Paulo, divulgado no Google Maps
  • Em nota, a SPTRANS comentou sobre a próxima etapa do processo de licitação que definirá os itinerários:

A SPTrans informa que após o encerramento do prazo de Consulta Pública, no fim desta segunda-feira, 5 de março, a comissão de licitação trabalhará na resposta de cada uma das manifestações recebidas nesta fase do processo. Somente após a análise de todas as solicitações e sugestões o edital poderá ser finalizado e a licitação, lançada.

Quando a concorrência pública tiver início, serão definidos os novos operadores para o transporte coletivo, que assinarão novos contratos com o poder público municipal.

É importante esclarecer que nenhum passageiro vai ficar sem ônibus na cidade de São Paulo. Está em consulta pública a minuta do edital de licitação dos ônibus. Essa medida é justamente para permitir que qualquer cidadão possa participar enviando sugestões. No caso das linhas de ônibus, a SMT seguirá aberta à participação da comunidade mesmo após o término do período de consulta e nada será alterado da noite para o dia, sem um amplo debate com a comunidade.

A proposta vai trazer uma rede maior e mais eficiente ao cidadão. Vai aumentar o número de ruas por onde passarão ônibus. Hoje são 4.600 quilômetros. Com a nova rede serão 5.100 quilômetros de vias com ônibus. A quantidade de lugares nos ônibus irá crescer 10%, passando de 1,03 milhão para 1,11 milhão. O atendimento, assim, será ampliado, não reduzido.

Hoje, a cidade conta com mais de uma linha fazendo o mesmo trajeto, o que causa trânsito nas ruas da cidade, aumenta intervalos entre ônibus e diminui a velocidade do sistema. A nova proposta tem como um dos objetivos corrigir essa distorção. E isso vai permitir menor intervalo entre os ônibus e uma maior agilidade nas viagens.