Enviados por Bolsonaro ao Ceará defendem no palanque motim de PMs

A prática de greve por policiais é considerada ilegal pela Constituição Federal, mas um líder da Força Nacional elogiou o movimento dos PMs

02/03/2020 23:52

Embora o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tenha oficialmente repudiação a paralisação de PMs (policiais militares) no Ceará, líderes do poder executivo nacional enviados aos estado para conter a crise na segurança, subiram em palanques e defenderam o motim de policiais. As informações foram obtidas pelo portal UOL.

Enviados por Bolsonaro ao Ceará defendem no palanque motim de PMs
Enviados por Bolsonaro ao Ceará defendem no palanque motim de PMs - Reprodução

A prática de greve por policiais é considerada ilegal pela Constituição Federal, mas enviados ao Ceará pelo governo Bolsonaro foram filmados discursando em palanques, a convite dos amotinados, tecendo elogios ao movimento.

Um deles foi o diretor da Força Nacional de Segurança Pública, o coronel Aginaldo de Oliveira. Ele pediu o fim do motim que ocupou quartéis no estado, mas enalteceu a ação dos policiais.

“Encerrando essa paralisação hoje, podem ter certeza que vão sair do tamanho do Brasil. Vocês já são grandes, já são corajosos: é muita coragem fazer o que os senhores estão fazendo, não é pra todo mundo”, disse o militar, ao lado de líderes do motim, inclusive um que vestia uma camiseta com o rosto de Bolsonaro estampado.

O coronel Aginaldo de Oliveira, é casado com a deputada Carla Zambelli (PSL-SP) e integra o quadro da PM do Ceará, mas foi nomeado para a Força Nacional, em janeiro de 2019.

O coronel ainda afirmou aos militares que “os covardes nunca tentam, e os fracos ficam no meio do caminho. Só os fortes conseguem atingir os seus objetivos. E vocês estão atingindo os seus objetivos. Vocês movimentaram toda uma comissão de poderes constitucionais do estado cearense e do estado brasileiro. O senhores se agigantaram de uma forma que não têm tamanho, que é do tamanho do Brasil que vocês representam”.

Oliveira ainda defendeu que os militares voltassem ao trabalho motivados por interesses particulares e não do conjunto da população cearense. “São centenas de mortes. Se os senhores não voltarem, essas mortes não cessarão e atingirão nossos amigos, familiares, nossos entes queridos e pessoas inocentes; e acredito que nenhum de vocês quer isso”, afirmou.

“Vocês são gigantes, vocês são monstros, são corajosos; demonstraram isso nos 10, 11, 12 dias que estão aqui dentro desse quartel em busca de melhoria da classe —e vão conseguir. É sem palavras para dizer o tamanho da coragem que vocês estão tendo esses dias. Façam o melhor para a nação cearense e para a nação brasileira”, disse o enviado pelo governo federal para auxiliar as negociações pelo fim do motim.

O motim que foi considerado ilegal pelo ministro da Justiça Sérgio Moro, durou cerca de 13 dias e terminou na noite do domingo, 1º.