Escola fantasia menino negro de macaco e mãe denuncia racismo

"Por que escolher meu filho para ser o macaco? Por que uma criança preta, sendo que ele já estava com roupa de palhaço?", questionou a mãe

04/06/2022 19:14 / Atualizado em 24/07/2022 16:01

A mãe de uma criança de três anos denunciou que seu filho foi vítima de racismo, na última sexta-feira, 27, em uma escola da rede municipal em Itaquera, na Zona Leste de São Paulo, quando professoras o fizeram usar uma fantasia de macaco.

Escola fantasia menino negro de macaco e mãe denuncia racismo
Escola fantasia menino negro de macaco e mãe denuncia racismo - Reprodução/Arquivo Pessoal

Stephanie Silva, mãe do menino, contou que a escola havia pedido aos pais que mandassem as crianças fantasiadas com o tema “circo” durante a comemoração dos aniversariantes do mês.

Ela então decidiu comprar uma fantasia de palhaço e vestiu seu filho com calça, suspensório, gravata, nariz vermelho e pintura facial.

“Comprei a roupinha, e ele estava super animado em participar da festa. Quando saiu da escolinha, não estava com todas as peças, mas acabei não questionando sobre o que tinha acontecido”, disse a mãe.

No dia seguinte, a escola postou no Instagram um vídeo em que o filho de Stephanie aparecia com uma máscara de macaco enquanto as outras crianças cantam uma música que afirma “você virou, você virou um macaco”.

“Ele não pediu para ser o macaco, a professora escolheu ele. Ele é uma criança muito alegre, muito ‘espoleta’, e no vídeo dá pra ver que ele está desconfortável, está perdido ali”, afirma a mãe.

“Foi uma atividade para todas as crianças. Por que escolher meu filho para ser o macaco? Por que uma criança preta, sendo que ele já estava com roupa de palhaço? Toda vez que falo [sobre o assunto~], já começo a tremer. Eu já sofri muito preconceito e aguentei calada. Mas estou num processo de descoberta, inclusive fazendo transição capilar. Então tocou em uma ferida aberta.”

Segundo a mãe, a escola não se retratou. A unidade apagou os comentários que criticavam a situação e enviou uma mensagem privada no Instagram de Stephanie dizendo apenas que se tratava de um mal-entendido.

Para proteger seu filho, Stephanie decidiu registrar um Boletim de Ocorrência no 64° DP da Cidade AE Carvalho. Em nota, a Secretaria Municipal da Educação afirmou que o “caso será apurado e a Diretoria Regional de Educação (DRE) notificará a Organização da Sociedade Civil (OSC) responsável pela unidade para esclarecimentos, sob risco de penalização, conforme legislação. A DRE está à disposição da responsável pela criança”.

Para a Catraca Livre, o Instituto CEI Monte Carmelo alega: 

No dia 27/05/2022, às 14:30hs foi realizada no INSTITUTO CEI MONTE CARMELO II, a “Festividade Aniversariantes do mês de maio/22”, para todos os bebês e crianças presentes neste dia, contando com aproximadamente 80 (oitenta) crianças. Cujo o tema, foi “O Circo” com apresentação da música infantil “Duelos de Mágicos – Palavra Cantada”.

Naquela oportunidade foram confeccionadas máscaras de 05 animais ilustrados na música, ou seja, foram elaboradas 07 (sete) máscaras sendo 03 de galinha; 01 barata, 02 macacos e 01 jumento, e tudo em consonância com o tema escolhido e proposto as crianças.

Urge esclarecer que as referidas máscaras foram disponibilizadas na sala de vivência e na sala da coordenação, no qual as crianças que iriam participar dos personagens escolheriam a máscara de sua preferência – interação, o que de fato ocorreu.

No caso presente o infante e filho de STEPHANIE MOREIRA FIRMINO SILVA, ora protagonista, foi quem escolheu a sua própria máscara, desta forma, não sendo verdadeira a sua versão que tal ornamento tenha sido imposto a ele (seu filho) por qualquer das professoras daquela atividade.

Ainda, é preciso ressaltar que outras crianças (de cor branca) e que também participaram da referida atividade igualmente de livre e espontânea vontade escolheram e compartilharam a máscara de macaco, como é possível constatar pelas fotos que seguem anexas.

Por fim, esclarece que STEPHANIE MOREIRA FIRMINO SILVA, falta também com a verdade ao afirmar que o INSTITUTO CEI MONTE CARMELO II, não procurou pela mesma, uma vez que, a Coordenação do CEI tentou por várias vezes falar com ela imbuído de esclarecer os fatos, porém sua única atitude foi apenas disponibilizar o telefone de sua advogada Dra. Vivian.