Esquema desviou R$ 15 mil da saúde para a compra de vinhos no MA

Operação Sermão dos Peixes revela desvio de R$ 15 mil para a compra de vinhos importados em adega de luxo de São Luís (MA)

Conhecido pelas precárias condições sociais, com as piores taxas IDH e PIB, o Maranhão também tem a menor expectativa de vida do Brasil: um maranhense pode viver até 12 anos a menos do que uma pessoa nascida em Santa Catarina.

Nada disso, porém, foi suficiente para evitar que, em outubro deste ano, gestores públicos fossem presos sob a acusação de terem desviado verba – então voltada para a compra de remédios e equipamentos hospitalares em São Luís – para a compra de vinhos importados em uma adega de luxo numa área nobre da capital maranhense. Segundo a Polícia Federal, um cheque de R$ 15 mil foi usado para a compra o desfruto dos envolvidos.

Segundo investigação, R$ 600 mil foram sacados das contas de treze unidades de saúde por dois gestores da organização social Instituto Cidadania e Natureza (ICN) com acesso às verbas federais.

Os acusados e a precariedade dos hospitais no MA 

De acordo com informações da Operação Sermão dos Peixes, que investiga os desvio de recursos públicos do Fundo de Nacional de Saúde – voltado a Sistema Único de Saúde – as irregularidades foram cometidas durante a administração de Ricardo Murad na Secretaria Estadual de Saúde. Murad é cunhado da ex-governadora Roseana Sarney (PMDB.

Uma das unidades de saúde afetada pelo desvio das verbas é o Hospital Presidente Vargas, especializado no tratamento de HIV, tuberculose e doenças tropicais. Lá, a infraestrutura antiga e mal conservada evidenciam o cenário de uma das maiores crise na saúde pública da capital maranhense dos últimos anos. Em outubro, uma falha no sistema de oxigênio da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) causou a morte de três pacientes.

Além do Presidente Vargas, o Hospital do Câncer do Maranhão também é um dos atingidos pelo desvio de verbas no Estado. Segundo apuração do jornal O Estado de S. Paulo, um paciente em tratamento contra um câncer no estômago revelou haver falta de remédio, causando a suspensão das sessões de quimioterapia. Para o tratamento de radioterapia estima-se uma fila de espera de quase mil pessoas.