Estudante é morto e policial diz que arma disparou após escorregão; relembre ações controversas envolvendo a PM
Brasil é criticado pelo aumento da violência policial em relatório que avalia a questão dos direitos humanos em todo o mundo
Atualizada às 16h02
O estudante Allan Vasilesk, de 17 anos, foi morto na última sexta-feira, 22, pelo soldado da Polícia Militar Melquíades Nascimento Dias – que alega ter feito o disparo após escorregar durante a perseguição em uma viela da periferia de Ferraz de Vasconcelos, região metropolitana de São Paulo.
Sua morte passaria, mais uma vez, despercebida não fossem as imagens divulgadas pela câmera de uma casa do bairro Jardim São João, que registram os dois jovens correndo do policial. A gravação ainda mostra o momento em que Allan, já alvejado, desaba inconsciente na rua onde o episódio é filmado.
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Interrogado pela Polícia Civil, o soldado do 32º Batalhão da PM justificou a ação como um acidente. Conforme noticiado pelo jornalista André Caramante, da Ponte, o inquérito justifica: (a arma) “caiu bruscamente no chão, pois escorregou no piso molhado e acidentado” da região.
Em nota, a Secretaria de Segurança afirma: “A Polícia Civil informa que foi instaurado inquérito policial e o caso encaminhado ao Setor de Homicídios da Seccional de Mogi das Cruzes para investigação. A Polícia Militar informa que o PM está recolhido disciplinarmente no 32º BPM/M, foi instaurado um IPM e a Corregedoria acompanha o caso”.
Confira a matéria na íntegra e assista ao vídeo divulgado pela Ponte Jornalismo:
Nos últimos anos, a ação da Polícia Militar de São Paulo ganhou repercussão mundial pelo alto número de mortes envolvendo seus agentes. Em 2015, pesquisas mostraram que a PM matou, ao menos, duas pessoas por dia em todo estado.
Outro dado que gerou críticas à postura violenta da corporação paulista revela que, em cinco anos, a PM de São Paulo matou mais que todas as polícias dos EUA juntas: 6% mais que os departamentos americanas entre 2005 e 2009.
Relembre recentes ações controversas envolvendo policiais militares
Nos últimos anos, inúmeros casos envolvendo a morte de suspeitos suscitaram dúvidas sobre a atuação de agentes de segurança em todo estado de São Paulo. Resgatamos algumas notícias que dão conta deste cenário:
“PM diz que jovem algemado com mão para trás se suicidou dentro da viatura” – O Estado de S. Paulo – fev/2014
“O jovem José Guilherme Silva, de 20 anos, que aparece na foto acima, morreu no dia 14 de setembro do ano passado dentro de um camburão da Força Tática da PM de Limeira, no interior de São Paulo. Antes de entrar no carro, sob a acusação de ter participado de um assalto, ele tinha sido revistado pelos policiais “nos pés, tornozelos, cintura e genitália”, conforme eles próprios admitem. Os policiais não encontraram armas com ele. José Guilherme foi algemado com as mãos para trás.
O pai do menino, José Alves, conseguiu chegar ao local a tempo de ver seu filho apanhando da polícia. Diante de mais ou menos 30 pessoas, ele entrou imobilizado e desarmado no camburão.
Segundo a versão dos policiais, poucos minutos depois, quando a viatura se dirigia à delegacia com o jovem dentro, José Guilherme teria sacado um revólver 38 de cano longo e atirado contra a própria cabeça. A bala, segundo os exames criminalísticos, percorreu uma trajetória percorreu uma trajetória de baixo para cima. O tiro foi dado a uma distância de cerca de 50 centímetros da cabeça”.
“PM que jogou suspeito de telhado em SP diz que ele não tinha como descer” – Portal G1 – set/2015
O soldado investigado por jogar um suspeito do telhado durante ocorrência no Butantã, Zona Oeste de São Paulo, disse em depoimento que empurrou o homem porque não tinha como descer com ele, mostrou o SPTV nesta terça-feira (15). A ação foi no feriado de 7 de setembro.
O policial militar Samuel Paes, das Rondas Ostensivas com Apoio de Motocicleta (Rocam), aparece em um vídeo empurrando Fernando da Silva do telhado. O suspeito ainda foi baleado depois de cair no quintal de uma casa. Paes irá responder indiretamente pelo crime, segundo a Justiça Militar, que atribui a ele omissão e adulterarão da cena do crime. A Corregedoria da Polícia Militar abriu um inquérito para investigar os PMs envolvidos
“PM registra morte por tiro como atropelamento“- Portal R7 – out/2015
As investigações que apuram a morte do vigilante Alex de Morais, de 39 anos, concluíram que ele não morreu depois de ser atropelado, como afirmaram dois policiais militares que atenderam o caso. Segundo a Polícia Civil e a Corregedoria da PM, ele foi vítima de homicídio.
O caso aconteceu na madrugada de domingo, em Sapopemba, na zona leste da capital. Na versão apresentada pelos dois PMs que registraram o caso no 69º DP (Teotônio Vilela), Morais foi encontrado caído, na rua Edgar Pinto César, após ser atropelado por uma moto em alta velocidade ocupada por duas pessoas.
A Human Rights Watch critica o Brasil em relação à violência policial e à superlotação dos presídios
Nesta quarta-feira, em Istambul, aconteceu o lançamento da 26ª edição do relatório, que faz uma análise sobre a questão dos direitos humanos em todo o mundo.O Brasil sofreu duras críticas por conta do crescimento de 40% no número de pessoas assassinadas por forças de segurança no país em 2014. Segundo dados levantados pelo Fórum Nacional de Segurança Pública, as ações resultaram na morte de ao menos três mil pessoas.