Estudante de medicina gera revolta ao satirizar texto sobre estupro

O graduando em medicina resolveu fazer um texto de "protesto" contra o original que viralizou nas redes sociais e só conseguiu reproduzir mais machismo

Um estudante de medicina da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul satirizou um texto sobre estupro, criado após a revelação de que o médico anestesista Giovanni Quintella Bezerra, de 31 anos, estuprou uma mulher sedada durante uma cesárea.

Estudante de medicina gera revolta ao satirizar texto sobre estupro
Créditos: Reprodução/Instagram
Estudante de medicina gera revolta ao satirizar texto sobre estupro

Nas redes sociais, o estudante comparou o estupro com imprudências cometidas por mulheres no trânsito.

No texto original, Tracy Figg escreveu: “No necrotério depois de mortas. Com meses de vida. Na infância. Na pré adolescência. Adultas. Idosas. NO PARTO. Nas clínicas psiquiátricas. Nas consultas médicas de qualquer especialidade. Na rua, na igreja e em casa. Pelo pai, padrasto, pelo avô, pelo tio, pelo professor, pelo padre, pelo pastor, pelo médium, pelo MÉDICO, pelo marido, pelo primo, pelo irmão. Nem todo homem, mas sempre um homem”.

Já o estudante se posicionou sobre o fato fazendo uma sátira do texto e gerou revolta nas redes sociais.

“No cruzamento da preferencial. Com placa de pare. Na mudança de pista. No sinal vermelho. Na pista molhada. Loiras. Morenas. Por não saber fazer baliza. Por invadir a pista ao lado, por andar na contramão. Nem toda mulher, mas sempre uma mulher”, diz o texto dele.

Após a repercussão negativa, o comentário foi deletado. Em resposta para as críticas, o estudante fez uma publicação.

“Fiz um texto satírico justamente para expor, além de ridículo, é bem transfóbico. Não existem pessoas com pênis que não são homens? E não existe estupro por parte de mulheres cis? Texto ridículo por texto ridículo, eu prefiro o meu. Tit for tat”.

A Associação Atlética Acadêmica Medicina Universidade Federal de Mato Grosso do Sul publicou uma nota de repúdio ao comentário do estudante. “Tais declarações ferem nossa política, que busca sempre por igualdade e se opõe a qualquer tipo de misoginia. Estamos atentos a expressões e atitudes dessa natureza e não toleramos em nenhuma hipótese tais práticas. Medidas já estão sendo tomadas com base no estatuto e normas da entidade.”