Estudante se diz maltratada durante feira de adoção de Luisa Mell

Isabela Dutra ficou 9h esperando para fazer entrevista de adoção e depois de aprovada foi vetada porque não tinha dinheiro para pegar um Uber, naquele dia

25/03/2019 17:33

A estudante Isabela Dutra foi a uma feira de adoção tentar adotar um cãozinho e foi maltratada pelos organizadores. A feira em questão é a organizada pelo Instituto Luisa Mell, depois do resgate de 1 700 cachorros de um canil irregular na cidade de Piedade, no interior do estado, no mês passado.

Estudante se diz maltratada por voluntários de ONG de Luisa Mell
Estudante se diz maltratada por voluntários de ONG de Luisa Mell - Reprodução/Facebook

Na quinta e na sexta-feira, 21 e 21, o instituto conduziu entrevistas com pessoas interessadas em adotar algum dos animais. A ideia é saber se as famílias estão aptas a levar um cachorro para casa.

Isabela relatou em um post, que viralizou nas redes sociais, a desorganização, demora e arrogância com que foi tratada por um dos voluntários do insituto.

400 senhas foram distribuídas nesses dois dias, no Morumbi Shopping, endereço da feira, e se esgotaram em pouco tempo. Isabela foi uma das pessoas que conseguiu uma senha e precisou esperar nove horas para garantir um encontro com algum dos voluntários.

Ela contou na publicação que chegou ao centro de compras às 13h30 e que havia mais de 100 pessoas esperando. Foi atendida apenas às 22h. O bate-papo demorou 40 minutos.

Luiza Mell organiza feira de adoção e voluntários fazem estudante se sentir maltratada
Luiza Mell organiza feira de adoção e voluntários fazem estudante se sentir maltratada - Reprodução/Instagram@luisamell

Após ser aprovada, Isabela esperou ainda em outra fila. Com o adiantado da hora, a estudante ficou preocupada com a volta pra casa, já que depois da meia-noite, falta de transporte público em São Paulo. Procurou, então, uma voluntária para explicar a situação. A moça lhe aconselhou a pegar um carro particular.

“Eu disse que não tinha cartão ou dinheiro naquele momento para pegar um Uber, já que gastei tudo que eu tinha no lanche. E ela me solta, ‘se você não tem dinheiro para pagar um Uber, como vai ter condições de criar um cachorro? Porque um remédio para carrapatos é 100 reais e a ração, 200 reais’“, escreveu Isabela. “Fiquei completamente pasma.”

Segundo a estudante, os voluntários questionaram a falta de dinheiro de Isabela, que se sentiu maltatrada. “Conclusão, fui aprovada na entrevista e por causa de um Uber me barraram. Desdenharam das minhas condições financeiras e do meu emocional, fizeram eu esperar até 0h para no fim me humilhar e me tratar como se fosse um lixo“, relatou.

https://www.facebook.com/isabela.dultra/posts/2102850763139273

Luisa Mell afirmou ao portal Veja São Paulo  que vai procurar saber o que aconteceu para que isso não se repita. “Gostaria de pedir desculpas, se ela se sentiu maltratada. Sempre oriento a equipe a lidar com todos com respeito“, diz. “Mesmo que a pessoa não esteja apta à adoção, não pode passar por isso.”

“Vale dizer que a condição financeira é importante para algumas raças. O pug, por exemplo, é um cão que tem muita doença, dá mais gastos“, afirma. “Eu faço esse trabalho para ajudar animais que só conheceram a maldade humana, que precisam de mais atenção. Faço isso por eles, não pelos humanos. O processo de seleção precisa ser mesmo rigoroso. Tem gente que quer o cachorro só por status. O objetivo é encontrar os melhores donos”, disse.